Capítulo 21: Último atraso

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Paula acordou com as batidas na porta. Ouvia seu nome. Estava sonhando? Piscou várias vezes após espremer os olhos por conta da claridade.

— Paulinha!

Era a voz de seu avô.

— Oi, vô — disse com a voz rouca, quase inaudível.

— Não vai trabalhar hoje?

Paula olhou com urgência para o despertador ao lado da cama.

— Ah, meu Deus!

Saltou da cama. Estava tonta, corpo dolorido, usando o vestido da noite anterior — ou sabia lá quanto tempo havia passado desacordada. — A última coisa da qual se lembrava era de ir pra piscina. Como fora parar em casa?

— Acordei, vô!

Correu para o banheiro da suíte. Banho rápido. Voltou ao quarto. Maldito despertador! Não havia funcionado, ou teria sido ela quem o desativara assim que começou a tocar? O fato é que estava quase uma hora atrasada para o trabalho.

Dez minutos depois, Paula estava fardada, descendo escada abaixo com a bolsa no ombro e a chave do carro na mão.

— Não vá rápido demais!

— Tá, vó!

Chegou ao shopping mais rápido do que chegaria de ônibus, obviamente, mas ainda assim o atraso fora exorbitante. Assim que avistou Magda, enquanto caminhava às pressas para a entrada da loja, viu no olhar da colega de trabalho que algo estava errado. Não era o olhar de "corre, você vai levar bronca"; era algo mais... triste. Magda balançou levemente a cabeça em negação enquanto colocava a peça de roupa no manequim.

— Paula.

Era Valda. Baixinha e maquiada como uma palhaça, como sempre. Mas desta vez não expressava ira ou se preparava para a mesma advertência de todos os atrasos. Sua expressão era mais de satisfação contida.

— Em minha sala.

Paula sempre achou que quando fosse demitida, seria em grande estilo, dizendo a Valda tudo o que ela e as outras funcionárias só falavam pelas costas ou em pensamento. Mas não conseguiu dizer nada. Sentiu-se de certa forma incompetente, irresponsável. Não era uma sensação boa. Apesar de tudo, Valda não a humilhou como imaginou que faria, despejando sermões sobre como havia avisado. Foi profissional, curta e grossa. Paula saiu da gerência envergonhada de si mesma, era humilhante chegar com tanta pressa e ter de dar meia-volta.

Magda estava com os olhos marejados.

— Amiga...

— Relaxa, vou visitar você de vez em quando.

Abraço apertado e saiu da loja.

Vai ser assim mesmo o fim de minha história na Requinte? Tão sem graça?

Sentou-se na praça de alimentação do shopping e pediu um chope. Estivera tão apressada em chegar a tempo ao trabalho que acabara de perder, que percebeu ainda não se lembrar do que havia acontecido depois que fora à piscina. Só então se entregou ao martírio de sua ressaca.

O celular vibrou dentro da bolsa.

Mensagem de texto.


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Deixe seu voto em consideração à Paula que acabou de perder o emprego

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