Capítulo 17: A sede

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O Camaro amarelo a aguardava diante do sobrado; Paula entrou mais uma vez naquele lindo carro. Playboy deu partida.

— Nervosa? — sorriu de seu modo, sisudo. Usava um blazer slim fit cinza sobre uma camiseta branca e jeans preto. E cheirava a perfume importado.

— Por que estaria?

— Agora é pra valer. Vai conhecer todo mundo.

— Eu sei. Estou ansiosa. Esta é a palavra.

Aquiles riu.

— Você me surpreendeu.

— Como?

— É mais corajosa, ou mais maluca do que eu imaginava. Dei sorte de escolher você. Quase ninguém passa nos testes.

— Eu teria passado no primeiro se você não tivesse se intrometido — sorriu.

— Tecnicamente você passou. Eu era um estranho pra você. Mas dois membros questionaram minha participação. Seu teste foi anulado.

— Por isso demorou tanto pra retornar?

— Não. Há um período de observação. Pra ver se você daria com a língua nos dentes.

— E como sabem que eu não dei?

— Nós sabemos.

Paula sentiu um arrepio. Tinha medo de saber como eles sabiam. A ideia de ser stalkeada era assustadora. Até onde eles conseguiam espioná-la? De uma forma ou de outra, descobriria aos poucos.

Rumavam em direção à zona nobre da cidade.

— Vem cá. Como você planejou o teste dos bêbados? Estava tudo combinado?

— O teste não era relacionado a eles, especificamente. Você deveria encontrar dois estranhos e convencê-los a fazer sexo oral um no outro. Eu stalkeava você de moto, vi quando passou por eles, vi que mexeram com você. Decidi que seriam eles. Sorte sua. Deve ter sido mais fácil por eles estarem bêbados.

— Relativamente. Mas no clube vocês têm aulas de técnicas ninja? Como é possível eu não ter visto você em momento algum?

— Um dia vai aprender.

— Mas como estacionou o carro diante de minha casa se estava de moto?

— Quem disse que eu estava sozinho?

— Ok, melhor parar de perguntar.

A avenida em que estavam era conhecida por seus restaurantes, boates e casas de shows.

— Estamos chegando.

— Mas aqui? — estranhou ela.

— Esperava o quê? Um esconderijo no meio do mato? Em uma fábrica abandonada?

— Não. Sei lá. Mas... Aqui? Por que a sede de um clube secreto ficaria na parte mais movimentada da cidade?

— Secreta é apenas a existência do Clube, a natureza dos encontros de seus membros. Ninguém usa máscaras ou faz rituais secretos — riu. — No mais, é só um lugar. E você deve conhecê-lo muito bem.

Estacionou diante de uma boate, que sim, ela conhecia muito bem. O letreiro em neon amarelo e vermelho na parede de tijolos ao estilo europeu indicava:

CLUBE PROIBIDO

— Só pode ser brincadeira — Paula riu, pasma, com a mão na boca. — Além de ser no meio de todo mundo, o clube secreto se chama "clube proibido"? É uma das maiores e mais movimentadas boates da cidade! Isso por acaso é um trote ou coisa assim?

Aquiles abriu a porta do carro e saiu. Paula o imitou. Havia uma fila de pessoas para entrar, como sempre. Quantas e quantas vezes ela não havia frequentado aquele lugar? Estava começando a se sentir idiota por ter acreditado em Playboy.

— Vem comigo — foi só o que ele disse, fazendo um sinal com a cabeça e andando em direção à entrada.

Passaram direto pela fila. O segurança careca — que Paula já conhecia de vista — abriu caminho para os dois, cumprimentando Aquiles com um movimento cabeça.

E então o som ensurdecedor de música eletrônica, as luzes coloridas piscando furiosas, as silhuetas parecendo se mover em câmera lenta devido ao acender e apagar das numerosas luzes. O Clube Proibido era relativamente grande; a pista estava lotada e sobre o palco um DJ internacional comandava a festa. Um segundo piso circundava a lateral da casa noturna, a área VIP onde havia sofás, pufes e privacidade. Paula apenas seguiu Playboy, desistindo de fazer-se perguntas sobre qualquer coisa. Ia se deixar levar e ver o que acontecia. Aquiles encostou-se ao bar lateral; fez um sinal para um dos barmen.

— Duas doses de Chivas — pediu.

Paula conhecia o uísque cuja garrafa custava cerca de trezentos reais.

— Você sempre ostenta assim ou está tentando me impressionar?

— Um pouco de cada — ele piscou, sorrindo.

O barman os serviu e os dois brindaram antes de virarem o copo.

— Essa é a parte em que você me diz que foi tudo uma grande piada e que é apenas um riquinho se divertindo às minhas custas — Paula provocou.

— Acha que o Clube não existe?

— Se existe, é esta boate, e não é nada secreto.

Playboy riu com o desdém que um adulto ri de uma criança inocente. Isso irritou Paula um pouco.

— Sem mais mistérios, Feiticeira. Vem comigo — disse se afastando e Paula notou que ele não passou o cartão da boate para prestar contas, como todo mundo. Parecia ser realmente VIP.

Aquiles seguiu no meio da multidão em direção aos fundos da boate, na região dos banheiros. Paula conhecia muito bem aquela área dos sanitários, era um hall com acesso aos sanitários masculino e feminino, com pias e espelhos nas laterais. À esquerda do hall havia uma porta, sempre guardada por um segurança. Paula lembrava-se de ter questionado para onde levava aquela porta, e por que tinha um segurança ou invés de ficar trancada. Não era a porta de acesso à área dos funcionários, pois esta ficava em outra área, sempre com um vaivém de empregados. O segurança de terno abriu caminho, deixando que Aquiles abrisse a porta e entrasse. Paula seguiu-o, começando a imaginar o que viria em seguida.

Quando a porta se fechou atrás deles, o som ensurdecedor foi reduzido a um distante eco.

— Uau! Que acústica! — impressionou-se ela.

— Tudo aqui é revestido de drywall.

Era um breve corredor com acesso a uma escadaria em espiral, com carpete vermelho. Nas paredes, alguns quadros minimalistas com o tema "luxúria". Subiram as escadas em silêncio. Paula não conseguia segurar a ansiedade. Respirou fundo.

Ao fim da escararia havia uma porta dupla de madeira escura. Sem mais delongas, Aquiles a empurrou.


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Finalmente. No próximo capítulo, conheça todos os integrantes do Clube!

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Clube Proibido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora