Capítulo 86: Repórter

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Heitor Pimenta estava sentado em um sofá com as pernas cruzadas, o celular em mãos. Do lado de fora de sua sala dezenas de pessoas se aglomeravam na recepção, disputando a chance de falar com ele. A resposta era uma só: Ele não está.

A porta foi aberta por seu assessor, que entrou com a jovem ruiva que ele já aguardava.

Que delícia de ruiva!

— Bom dia, deputado — ela abriu um sorriso. Vestia-se formalmente, contrastando com seu jeito de menina. — Sou Adriana Chaves — mentiu.

— Muito prazer. Pode me chamar de Heitor — ele abriu um sorriso, levantando-se para apertar-lhe a mão. — Lindo nome. É o nome da minha filha.

Valentina sabia que usar aquele nome transmitiria familiaridade, logo seria mais fácil ter sua confiança.

— É uma honra ser recebida pelo senhor.

Você, por favor — corrigiu, insistindo na intimidade. — São muitas pessoas, muitos pedidos. Estou aberto apenas a exceções.

— Fico muito feliz.

— Sente-se.

O assessor saiu da sala, deixando-os à vontade. Ele havia dado detalhes da aparência da jovem jornalista que prometia uma reportagem a seu favor. Heitor não podia resistir ser defendido em uma situação tão delicada, muito menos por uma gatinha gostosa como aquela.

— Para que jornal você trabalha mesmo?

— Na verdade sou estudante, mas tenho respaldo entre grandes jornalistas. Já vendi minhas reportagens amadoras para grandes redes. Modéstia à parte, sou muito boa no que faço.

— Não tenho dúvidas disso — Heitor posicionou-se confortavelmente, com a perna cruzada, queixo erguido, esforçando-se para parecer charmoso.

Valentina segurava um bloco de notas e uma caneta, a bolsa encostada ao seu lado.

— Então, Heitor — ela sorriu, enfatizando o primeiro nome do deputado. — Por que desistiu da candidatura a senador?

— Direto ao ponto, não?

— Não gosto de enrolação.

Heitor pensou bem na resposta, olhando para as pernas brancas escapando da saia preta social. O que não daria para passar a língua nelas?

— Resolvi me dedicar ao meu cargo de deputado federal e quando meu mandado acabar irei me dedicar à igreja e à família.

— Mas tão repentinamente? Até poucas semanas seu discurso era de que o senado precisava de alguém como você.

— E ainda acho. Mas minha família e meu Deus são ainda mais importantes. Há muita sujeira no senado.

— Mas por isso mesmo não seria ideal que alguém honesto como o senhor?

— Uma maçã podre pode apodrecer todas as outras. O que dizer então de uma única maçã saudável no meio de uma cesta de maçãs podres?

Que pretensioso mentiroso filho da puta.

— Não acha que com este argumento seus fiéis duvidarão do poder da fé? Acharão que até um modelo como o senhor é corruptível.

— Tem razão. Melhor então escrever algo diferente. Alguma sugestão?

Valentina estava pisando em ovos. Não podia falar demais ou acabaria se entregando, mas precisava arrancar dele alguma informação que confirmasse sua teoria, senão todo seu trabalho teria sido em vão.

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