One shot de Ricardo para Anna
Aokigahara era um nome que trazia diversos tabus no Japão, um local de mal agouro com certa energia negativa. Uma floresta na região localizada a noroeste do monte Fuji, crescida sobre o magma expelido pelo vulcão durante milhares de anos. Mas nada disso assustava mais as pessoas do que o fim macabro ao qual era usado o denso emaranhado de arvores da floresta.
— É esse o local?
— Acho que sim!
Após as 11 horas, o local usado por famílias e pessoas solitárias, se tornava um ambiente sinistro com lamento das arvores e o vento suave. Era primavera, época de Sakura e flores enfeitavam as copas das arvores com cores diversas de uma tonalidade vivida. Era a época que as pessoas mais gostavam, pelo menos as que não sofriam com algum problemas respiratório agravado pelo pólen das flores.
— Hiro! — o jovem rapaz voltou-se a figura que vinha de uma máquina de soda na retaguarda. — faltaram 56 iens.
— O que? Tudo isso?
O rapaz se aproximou da garota e entregou-lhe algumas moedas.
— Em Akihabara é mais barato — disse a mulher.
— Já te disse que não vamos voltar pra Akihabara.
— Te disse que é uma ideia de merda vir aqui.
Outro rapaz caminhou em direção ao casal.
— Parem de choramingar. Estamos aqui e não vamos voltar.
O grupo que ali estava, fitou aquele jovem com certo receio. Ninguém almejava realmente cumprirem os planos agora claros a sua frente, mas já estavam ali talvez por algum impulso juvenil agravado pela bebedeira começada na tarde. Haviam começado cedo uma comemoração de um grande negócio efetuado pela empresa pessoal de Hiro e kuzumi aberta a pouco mais de três meses. Segundo o contador Takashi, a afiliação com uma grande empresa de automóveis, daria à eles grandes oportunidades de vender carros seminovos aos quais os amigos começaram a comercializar no distrito de Shibuya. Agora além da venda de carros usados e o aluguel, também revendiam veículos novos da Toyota.
Akemi não se incomodou em escutar a conversa dos dois amigos, foi até a máquina e inseriu as moedas por um orifício próximo ao painel. Comprou um refrigerante de cola e o tomou enquanto seguia até os três homens. O terceiro não parecia animado com a ideia de Kuzumi de estar ali. Os olhos negros se mexiam cada vez mais com incomodo, a reprovação estampada no olhar desapontado. Deveria ter se arrependido da ideia de comemorar o momento quando todos foram até um bar em Akihabara. Takashi não era do tipo que gostava de comemorar, nem mesmo parecia vestido de acordo com a situação. O terno parecia incomodar seu corpo roliço.
— Chega de conversa — protestou Hiro — a sua ideia de merda trouxe a gente aqui. Então qual é o próximo passo?
— Não é obvio? — Kuzumi caminhou pelo estacionamento secando uma garrafa de cerveja. Lançou o objeto longe, em direção ao caminho que levava a floresta escura. — A gente vai entrar em Aokigahara.
— O que? — Takashi aproximou-se de Hiro puxando sua jaqueta xadrez. — Tá pensando em entrar naquela floresta?
— Está com medo, otaku? — Hiro sorriu — disse que não deveríamos ter chamado esse cara.
Kuzumi atravessou-o com um olhar nada amigável, perdendo o sorriso de dentes tortos repentinamente.
— Cala a boca, vocês estão me dando nos nervos. — Akemi não queria presenciar uma discussão idiota, o dejavu veio à mente com o possível agravamento do negócio do marido sem alguém como Takashi para cuidar do dinheiro como deveria. — Parem de incomodar o garoto.
— Esta me traindo com esse daí?
— E se eu estiver?
— Ei vocês dois — Kuzumi apressou-se e apanhou o amigo puxando-o para si com um braço, enrolando-se no pescoço do outro como uma víbora. — Vamos parar com essa discussão idiota. Vamos pra merda da floresta ou não?
— Vamos cometer suicídio?
— Claro que vamos! — O rapaz arrastou seu amigo até a entrada coberta por arvores. — Vamos todos nos matar na floresta dos suicidas.
— Planejou essa droga a semana inteira, não é? — protestou o rapaz com olhar pouco amigável.
— Nunca te vi tão amedrontado, Hiro.
Ninguém imaginava o que poderia acontecer quando entraram no carro de kuzumi e rumaram até Fujikawaguchiko. Desembarcar próximos a floresta Aokigahara foi uma surpresa para todos. Kuzumi possivelmente já havia planejado isto há algum tempo.
— Ok — assentiu o rapaz acariciando seus curtos cabelos — Akemi, vamos.
A garota não protestou com palavras, mas seu rosto de expressões suaves contorceu-se de uma maneira engraçada, deixando os olhos grandes, ainda mais redondos.
— Takashi, vamos. — Nem mesmo Kuzumi esperou pelo rapaz. Apenas caminhou com o amigo e sua esposa até a entrada em arco feito por algumas arvores. O caminho seguia ao lado do estacionamento e de uma loja de conveniência.
O rapaz pouco mais velho que o trio, resmungou algo que ninguém ouviu e caminhou em direção a entrada. Não estava de acordo com aquilo, mas era covarde demais para dizer algo.
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Amigo Oculto Literário
KurzgeschichtenSorteio entre amigos do grupo do Whatsapp ajudando escritores, em que cada participante recebe em sigilo o nome de outro a quem deve presentear com uma one shot.