VIOLÊNCIA

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De Evanio para Itainá

Rotina
Naquele dia, um som ecoou pelas ruas de uma favela em Salvador. Não foi grito das crianças eufóricas brincando na rua, divertindo-se sem preocupação alguma, mas sim o choro de desperto de uma mãe ao ter seu filho tirado desse mundo tão cedo. Naquele dia, o sangue carmesim pintava as ruas da periferia, alertando a todos que ninguém está salvo.
Mesmo assim, ninguém falava nada. Ninguém era capaz de tomar frente da opressão sistêmica que assola a população, a corrupção torpe que cresce cada vez mais enraizada não apenas naqueles que as praticam, mas também nos que a omite. E essa omissão destrói todo o valor criado por aqueles que buscam fazer o certo, contaminando suas boas obras e alimentando o erro geral.
A pátria amada é mãe gentil, mas chora ao ver seus filhos banhando-se na sujeira que cresce cada vez mais e um dia sufocará a todos. O vivo devora o vivo em busca de poder e um dia não haverá mais vida porque de tanto prejudicar o próximo não existirá mais o próximo e então só restará o fim.
Naquele dia, diante do sangue deixado pela violência, o sangue de uma criança inocente que marcava não só aquele lugar, mas também a mente de todos, protestava um homem. O que antes eram palavras mornas tornaram-se gritos nervosos, exprimidos com grande fervor. Porém, esses gritos não eram ouvidos.

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