Intrínseca

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    " Em uma pequena cidade da Carolina do Norte... "

O dia estava se pondo, o céu embora ainda estivesse com um tom azul acinzentado, já poderia ser considerado o crepúsculo.  Uma garota misteriosa de longos e lisos cabelo roxos, corria entre o bosque, seguindo em direção ao cemitério. 

        Seus paços eram rápidos para uma mera humana, descalça, ela movia-se como o vento, como a sombra misturando-se ao fim da noite. Acima de sua cabeça, corvos voantes disputam corrida com ela. Logo atrás de si, vinha seu fiel amigo e companheiro "frango" , Um nome um "tanto" extravagante para um gato.

        *han!Humm! Ham...han, hum!* zumbia o chiado da respiração do gato que seguia a garota. 

- Miauuuuu! - Miou alto o felino cruzando a frente da garota. Esta riu e avançou com rapidez o gatinho.

      O bosque não era propositalmente barulhento, mas os sons dos animais que acordavam com os paços da moça, eram altos para ela. Assim como o chiar  de grilos, corujas e bater de asas de morcegos e dos corvos a sua volta. As árvores estavam praticamente secas ou ocas. Galhos secos, finos grossos, tortos e côncavos faziam parte da nativa do bosque. Era como se ele se adaptasse ao habitat do terreno vizinho, o cemitério. 

         Quando finalmente parou à correria, a moça havia chegado ao cemitério. Os corvos á abandonaram e seguiram o céu. Ela caminhou sem pressa, deu a volta ao pátio traseiro. Uma cerca torta e enferrujada estava quebrada, fazendo um novo portão de entrada, no entanto, era rústico e selvagem , coberto pela vegetação.  Sem medo, a garota levantou o improvisado portão e balançou a cabeça para o gato, que orgulhoso , desfilou primeiro ao entrar.  Fechou o portão e seguiu à fronte dos túmulos. 

         O cemitério era grande, o suficiente para ser desnecessário a toda população se não fosse o simples fato de ser antigo. Ali, jaziam grandes nomes esquecidos, alguns desconhecidos, outros extremamente lamentáveis à morte, e outros que foram meramente trocados. 

       Bia sabia sobre tudo! Tudo que fosse a respeito do cemitério em si e da cidade. Apesar da aparência de adolescente, sua verdadeira idade era um pouco mais velha. Seu conhecimento de tudo foi ensinado pelo seu pai, antes de morrer. Frango passou o longo rabo preto nas pernas de Bia , pedindo colo, e essa lhe deu. 

        A moça tomou seu amigo nos braços e seguiu o caminho até o túmulo da família. Passou por sepulturas de grande requinte, acenou a cabeça em sinal de comprimento, e então, começou a cantarolar. Sua voz era levemente afinada, mas era de um timbre encantador! Com o frango em seus braços, ela simulou dançar uma valsa enquanto cantava uma canção. O gatinho, que gostava da sua amiga, logo começou a ronronar em resposta. 

        Dançando e cantando à luz do fim da madrugada , Bia chegou a sua casa. Frango pulou do seu colo e foi para o seu mini sofá cama, próximo à poltrona. Estava tudo escuro, mas isso não era problema para Bia, afinal de contas, ela era uma híbrida Vamp-Sepht (mistura de vampiro com humana). A moça pegou um fósforo, riscou-lhe na caixa, e acendeu à primeira vela. De seguida, repetiu o mesmo é acendeu as outras tantas velas pendentes em castiçais na parede. 

      A garota estava triste, era o aniversário da morte de sua mãe, e seu aniversário se fosse humana ainda. Vinte e oito anos não pareciam ser tão glorioso assim, ainda mais quando se tem eternamente aparência de dezesseis anos. Ela escondia a dor, cresceu jurando ao seu pai que não choraria de tristeza jamais! É aquela data era um comemorativo e homenagem. Ela tinha deixado à mesa pronta antes da caçada, ela só precisava fazer a homenagem. 

        A sepultura era tridimensional, escondida por magia antiga e selada. Aquele túmulo era da geração Vamp do seu pai. Ali estava o nome dos doze Vamp 'S da família Romullo. Embora sua mãe não fosse Vamp, também foi assinado seu nome no mural em Rocha: "Bia Aparecida- Mãe , esposa e Sepht- 1969/1989. 

        Bia St.Rosária foi até o mural,passou os dedos pálidos e gélidos com ternura em cada letra. Segurou o choro o quanto pode, e antes que afundasse em um oceano de lágrimas, lembrou de seu pai e da promessa. Sorriu e voltou à sala de jantar. Sentou-se à mesa , serviu-se de uma jarra de sangue de Sepht ( retirado de uma bolsa de sangue) e despejou no cálice de vidro. 

-Ha-ram! - Tossiu para Frango que dormia. O gato ao ouvir a dona, acordou com preguiça. Saiu da almofada e trotou até uma cadeira de bebê na outra ponta da mesa.

-Obrigado amiguinho.  - Sorriu para o gato que miou parecendo ainda sonolento.  

     Respirou fundo, esticou o braço direito e alcançou seu violino escorada na estante de fotos.  Encaixou ele em seu corpo , tocou enquanto pronunciava:

  

   " Felicidade na morte,

Felicidade na reencarnação,

E felicidade na morte outra vez 

Aqui estamos mais um ano, em homenagem à um dia que fora doloroso á senhorita Bia Aparecida, Sepht , esposa e Mãe.  Para consagrar a sua morte e honrar sua vida que já fora. Que o amor lhe acolha onde estiver, e que meu pai contigo esteja. 

  Felicidade na morte,

Felicidade na reencarnação,

E felicidade na morte outra vez " .  

*Parou de tocar o violino. 

- Viva mãe! - Gritou Bia sorrindo. 

        Levou a taça de sangue gelado aos lábios saboreando o aroma desse. Sua sede de sangue era muito moderada comparada à outras Vamps, Bia nunca deixava de beber para não ficar agressiva. Ausência dele pode deixar um Vamp completamente transtornado , além de fraco. 

       A mesa contém um mini banquete de comilança. Pães do dia anterior , sanduíches,  Doces refinados como Pétit Gâteau, Macarrons, e Cup Cake. Os clássicos também, Pata de vaca e Donut's. Frutas e mini empanados em espetinhos, e claro, leite e patê.  Encheu a travessa de Frango com patê de presunto e a outra travessinha de leite. 

- Parabéns para mim, não é mesmo Frango?  - A garota piscou para seu gatinho segurando firme a dor da solidão. Bebeu mais do sangue enquanto comia uma rodela da sua Torta de Pata de Vaca com carinho.... 

       Do lado de fora do cemitério, o dia estava claro. O sol era opaco, mas estava presente, mesmo sendo outono. Estava frio, mas o sol aos poucos aquecia a terra e as folhas secas que cobriam todo pátio. No entanto, naquele mesmo cemitério, uma figura dormia no túmulo de alguém. Um jovem moreno, de cabelos escuros e pele clara. Aparentemente bêbado, com uma garrafa de Rum pela metade, essa repousava ao seu lado no piso gelado de uma Lápide de um dos membros da família Romullo. 

  

Enviado do meu iPad

Ps: espero que goste Bia, usei seu nome para a protagonista e para a mãe dela... Outra curiosidade , utilizei é o fato dela fazer 28 anos, um ano a mais da protagonista (Ana) do seu livro " um sonho realizado" .  Comente o que achou... Vou espiar suas respostas ;-)

Ass: Katlin 

Amigo Oculto LiterárioOnde histórias criam vida. Descubra agora