A Forma da Dor

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katlin Caroline A.S
p: Mary...

Oi Mary, tudo bem flore? espero que goste da História,  prepare o animo pois vem muita tensão por ai..
bjos 😉

        A forma da Dor

     Estou recostada, encolhida o máximo que posso na cabeceira da cama. Meus dedos tremem a procura de proteger o que outrora fora exposto. Sinto-me vazia, sem consciência, como se minha alma tivesse sido fraturada diversas vezes. Poderia morrer agora , o quê para mim seria de extremo alívio. Não faço ideia de quanto tempo passou, Onde estou e se vou viver até amanhã.
   O que fiz para merecer isso?  Onde ele está agora? disse-me que sempre estaria aqui para me proteger, mas eu sabia que não era assim que funcionava. Eu falei sobre os meus sentidos, receios, pesadelos. Sobre as indiretas e diretas que me fizeram desconfiar desde o princípio. Mas a culpa não é dele. Eu não posso culpa-lo e nem deveria. É meu noivo mas ainda não moramos juntos. Eu sei de quem é a culpa. É -  Antes que pudesse concluir meus pensamentos, a porta abriu de sorateio, e o Destruidor de almas adentrou.

    Ele estava nervoso, começou a jogar tudo que via pelo chão e a quebrar. Me enrolei ainda mais com os lençóis. Tentei ficar calada mas meu medo era superior aos suspiros que minha garganta não conseguiam reprimir. Foi então que sua atenção voltou a mim. Sua expressão ficou confusa. Ele parou, puxou a camiseta extra grande para baixo, com a tentativa de esconder a barriga flácida que infelizmente já esteve mais próxima de mim do que eu gostaria. E então começou a falar :

-Eles já estão a sua procura sabia? - O gordo estava muito desesperado. Um homem de trinta anos ou mais, feio,  estatura mediana, mas em relação a mim( que tenho 1,61) era mais alto. Andava para cá e para lá no quartinho imundo onde me trouxe.

- Mas eles acham que você fugiu. A Polícia não está levando a sério já que você é de maior. O que significa que ainda posso ter você.  - Veio em minha direção com um sorriso maníaco. Se aproximou cada vez mais. A cada passo que dava, eu me enrolava mais ainda no lençol sujo de sêmen e sangue. Comecei a chorrar.

-Não! Não! Me deixa ir! Me solta! - Eu gritei desesperada, implorando ao grande porco que tentava me tirar do emaranhado de lençóis no qual me encontrava.

-Cala Boca! Cala Boca! - Gritou para mim subindo por cima do meu corpo fraco e multilado tentando rasgar os lençóis. Até que conseguiu. 

- Não,  não, não. Saí!Desgraçado! - Comecei a gritar estérica, tentando me proteger entre tapas,  socos e tudo que ainda conseguia por em ação.

      Mas de nada resultou, pois o gordo conseguiu rasgar uma parte do lençol e puxou minha pernas para ele. Dei um pontapé na boca dele, os seus lábios começaram a sangra um pouco. Ele ficou ainda mais agressivo e colocou suas mãos no meu pescoço,  tentando me estrangular. Tentei me defender, dando tapas no rosto e nas mãos,  mas ele apertava forte demais. Desmaiei.
      Não faço ideia de quanto tempo fiquei desacordada, pois quando minha consciência voltou, sentia um peso sobre meu abdômen,  dificultando a minha respiração. Ele estava entre as minhas partes novamente. Sentia uma forma de dor descomunal. Foi aí que desisti. Não tentei lutar pela minha vida, Não tentei me defender. A dor aumentava, e naquele momento achei que nunca mais conseguiria  ser a mesma pessoa que fui um dia.  A dor física era extremamente dolorosa. Como se estivesse me rasgando de dentro para fora. Virava a cara para evitar olhar para dele. Fechei os olhos e parei de pensar na dor.  Implorei aos meus deus e a qualquer entidade superior que me levasse. Supliquei pela morte. Desejei com tanto esmero que a pressão sobre a cabeça se sobressaiu as dores físicas.
      Em algum momento distante, O gordo parou e saiu de dentro de mim. Sentir uma ardência infinita nas minhas partes inferiores. Evitei a todo momento olhar para ele, mas ele veio até mim. Me mexi de todas as formas, mas notei que estava amarrada pelos braços.

    Ele me prendeu pelas costas. Meu peito não estava sangrando, mas conseguia ver o buraco do qual a bala perfurou.

- Ei, Olha pra mim! - O homem girou meu maxilar para ele, e fechei os olhos.
- Olha para mim! Ou vou te matar! - Ele me ameaçou passando as unhas grandes e sujas dele no meu rosto.
     Eu abri os olhos, ele segurava uma corda nas mãos  umidecia os labios passando a língua enquanto falava:
- Você só fica viva porque eu quero. Então seja uma japonesa boazinha. - Ria antes de cuspir na minha cara e me forçar a virar de costas.
     Antes que ele tentasse, fiz toda força que pude nas pernas e dei um golpe no pescoco dele. O telefone do Gordo tocou. A posição de passional a agressiva tinha mudado. Ele quase desmaiou, mas conseguiu pegar a corda. Eu o soltei pois sabia que aquilo seria meu fim caso ele se soltasse. Irritado com a situação, saiu de perto de mim. Pegou o celular e saiu do quarto fechando a porta.
Mas eu conseguia ouvir " Não mãe,  eu já vou. Tá bom , Tá bom. Tchau! "
       Voltou ao quarto. Tentei me tapar mas não conseguia. Todo animado veio até mim.

- Vamos lá , está na hora do castigo. Você foi uma japonesa muito má.

Estava muito zangado . Foi até a cabeceira da cama, pegou o abajur e veio até mim. Me ameaçou com ele dizendo :
- Eu poderia acertar com isso na sua cabeça. Mas eu posso te dar uma chance. - Falou enquanto passava a camiseta que vestia para limpar o rosto. 
     Fiquei preocupada. O quê aquele sádico está pensando? o quê ele quer de mim ? porque não me mata logo?

- Se você me der um beijo, eu deixo você comer, e não te bato. Por hoje. - Sugeriu ele segurando o abajur ao meu lado da cama.

- Eu solto você. Então?  - Ergueu as sobrancelhas esperando que eu respondesse.
       Nunca vou beijar essa criatura! Ele é inseguro demais para ficar implorando. Afinal eu estou aqui. Presa. Infelizmente ele tem o controle sobre mim. Incluindo minha vida.

- Sua vadia! Se não foi por bem, vai ser por mal. - Gritou puxando meus cabelos com força.  Eu conti o grito. Já estava ruim o suficiente estar ali , ter levado um tiro e ser abusada, aquilo era o cúmulo!
      De súbito,  o homem ficou enfurecido e partiu para agressão novamente. Me arrancou da cama pelos cabelos puxando com força , Bateu minha cabeça na quina de ferro da cama. Senti uma dor alucinante e com ela uma tontura.
     Minha visão ficou embaçada, e aí desisti de lutar. Abri a mente para a morte que viria. Antes de ficar inconsciente,  ele me golpeu forte com algo. Naquele momento me lembrei de um comentário que meu antigo professor de filosofia no ensino médio disse uma vez : "Abracem a vida. Por mais que ela venha a bater forte, procure por algo que lhe de forçar . Algo não significa um alguém."

    Desejei que aquele lençol fosse um super Band- Aid que me protegeria e cicatrizaria a dor latente que sentia em todo meu ser. Uma pancada forte e foi a última coisa que me lembrei.

Amigo Oculto LiterárioOnde histórias criam vida. Descubra agora