Nunca Serei Eu

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One Shot

De: Sandy
Para: Danielle

“Eu só queria que as pessoas que amo, me amassem de volta. Eu só queria ser aceita como realmente sou.” – Danielle Barreto, outubro de 2017.

– Prazer, me chamo Helena e sou responsável pela investigação da morte da filha de vocês. Gostaria de fazer algumas perguntas.

– Pode perguntar, senhora. A Dani era um amor de pessoa. Não sei como essa tragédia pode acontecer. – disse a mãe de Danielle, visivelmente abalada e necessitou de um copo d’água enquanto seu marido a consolava segurando sua mão.

– Danielle Barreto tinha algum inimigo ou alguém que não gostasse dela? – continuou a investigadora.

– Não. Ela ultimamente estava andando com maus elementos. – O pai dela fez aspas com os dedos. – Falamos para ela não andar com eles, mas Dani nunca via maldade em ninguém.

– Essas pessoas são as mesmas da festa? – Em resposta a sua pergunta, a mãe de Danielle apenas balançou a cabeça afirmativamente.

– Vocês chegaram a falar com ela no dia?

– Não. Ela faz, ou melhor, fazia faculdade de dia e de tarde. Ela tinha esquecido o celular, mas conseguimos falar com seu namorado. – respondeu o pai com cara de poucos amigos. De certo não gostava do namorado e companhias atuais da filha.

    Depois de mais algumas perguntas, a investigadora saiu da casa dos Barretos pensativa. Danielle havia sido assassinada em um show de músicas MPB. Ela tinha um namorado e alguns amigos que estavam bêbados ou drogados. De nada adiantaram as perguntas, uma vez que nenhum conseguia se lembrar direito. Ela investigou sua paquera atual:

– Você e Danielle, tinham quanto tempo de relacionamento, e onde se conheceram?

– Começamos a ficar uns dois meses atrás, non final de setembro. Eu a conheci por acaso. Estava voltando do trabalho e vi uma mulher sentada em um pouco em pleno dia de chuva. Fui ver se ela estava bem e ela estava chorando.

– Por que ela chorava?

– Ela não me disse totalmente. Disse apenas que seria difícil enfrentar a família, sabendo como eles eram.

– Igor, o que você lembra daquela fatídica noite?

– Não muito. – disse coçando sua careca. – A Dani era muito tímida. Eu a trouxe para o meu mundo meio perdido, mas não imaginei o quanto ela sofreria. Seus pais não concordavam, e estavam certos disse. – disse olhando pela janela com olhar pensativo e semblante cansado. – Ela nunca foi de usar drogas, mas naquela noite ela resolveu experimentar. Ela dizia que não se importava com o que pensassem dela e que a vida era para ser vivida e não encurralada tentando fazer o certo em uma sociedade corrupta.

– Quais drogas vocês usaram?

– Eu usei muito ecstasy, mas o Felipe veio com uma novidade, a Molly. Colorida e prometia se soltar. Era perfeita para Dani que estava abatida e era tímida. Mas ela usou apenas um e começou a tossir. Eu estava numa onda grande demais para perceber depois disso. Mas até esse momento que me lembro vagamente, eu estava lúcido. Depois disso, ela saiu para tomar um ar e não vimos mais ela, até a confirmação de sua morte.

– Molly é o apelido de MDMA, certo? – Igor confirmou com um aceno. A investigadora estava ainda mais confusa, mas ia juntando as peças. Igor não parecia nem um pouco abalado. Talvez pelo pouco tempo de relacionamento, ou era apenas mais um suspeito. Sua pequenez não escondia o possível assassino que ele poderia ser.

– Danielle Barreto deixou um recado em casa. Por acaso ela lhe deu alguma coisa próximo a esse dia?

– Ela me mandou pelo WhatsApp uma parte de uma letra da música “Agora quero ir” de Anavitória. – A investigadora viu a conversa e leu silenciosamente a parte descrita:

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