Carosel - Melanie Martinez

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Show de horrores
One shot de Gabi para Katlin

*Show de horrores*

Abro os olhos, e talvez eu não seja eu mesma... Como assim? Vejo minhas roupas, estou com um vestido rodado rosa e azul. Isso me lembra algodão doce... O pior é o que vejo em volta. Estou no chao no meio de um parque de diversões. Estou sozinha. Ou não? Estou confusa. Tento levantar com estes tamancos estranhos. Caminho pelas carroças de pipoca e os brinquedos, todos se movimentando lentamente. É tudo muito confuso. Eu não sei pra onde vou mas ao mesmo tempo não sinto que estou perdida. Há um circo enorme, e a entrada parece chamar meu nome. Já não me controlo mais, meu corpo parece ter vontade própria e a única forma de expressar meu pânico e dentro da minha mente. O circo está praticamente abandonado, agora já posso andar por mim mesma, e tudo o que me move agora é a maldita curiosidade. Há uma luz no meio do palco, e um homem está lá. Vestido de terno, e não tem rosto, pelo que parece. É apenas uma face lisa com uma pintura. Ele me causa pavor, mas me sinto tao atraída também. Tudo é extremamente confuso, e eu vou em direção a mão que ele me estende. Parece que estou dentro de um livro. Estou sendo controlada como um personagem criado por seu autor... Mas é tao natural soando por meu corpo. Não sei mais o que pensar.
  Quando chego ao lado do homem sem rosto, sua cara se abre ao meio mostrando dentes afiados e essa cena me deixa hipnotizada por alguns segundos, o rasgo se formando e sangrando com louvor. Consigo tomar consciência e correr. O homem não se afoba, apenas me olha, quando chego a porta, a luz se apaga e quando acende ele já não esta mais lá. Corro como posso, há pessoas agora, estranhas mulheres com maquiagens estranhas, algumas possuem membros compartilhados com outras, esbarro em um homem que possui um rosto fundido no seu, e todos os 4 olhos me olham com algo psicopata demais para de entender. Corro para dentro de uma cabana. Está tudo escuro então ando tateando às cegas, superfícies lisas e geladas, algumas até meio úmidas. As luzes se acendem de repente e percebo onde estou, uma casa de espelhos. Diversos vidros que refletem minha imagem em diferentes efeitos, não lembro como sair daqui, tento pensar quando dou de cara com o homem sem face sangrando com seus dentes afiados, dou passos pra tras e percebo que é só seu reflexo no espelho, que agora reflete em todos os espelhos. Ele chega cada vez mais perto e parece que varias de suas imagens estão atravessando o espelho, sinto o cheiro do sangue, fecho os olhos e começo a gritar, sinto o chão sumir e estou caindo, agora me contorço gritando enquanto estou em queda livre, não sei o que esta acontecendo, quero que tudo isso se acabe. Agora estou virada para baixo vendo o chão se aproximar, fecho os olhos me preparando para a morte, me assusto ao cair num monte de algodão doce. Não consigo enxergar nada além de quilômetros de algodão doce, pego um pouco em minhas mãos e ele começa a derreter, ficando vermelho e quando olho novamente tudo se tornou um rio de sangue e restos de corpos, grito mais a medida que me afogo no sangue, quente como se tivesse acabado de sair de varios corpos. Desmaio e quando acordo estou em um carrossel, o homem sem face está lá, com seus dentes afiados, parece dar risada de mim. Tento fugir mas quando corro esbarro em algo e caio numa lança que provavelmente estava ali propositalmente. Duas mulheres coladas pelo tronco me carregam e colocam em cima de um suporte e atravessam outra lança para me prender ao carrossel como um dos cavalos, sinto a dor insuportável e as lagrimas escorrem, quando vejo ao meu redor, há cadáveres podres e alguns mais recentes na mesma situação que eu. Sinto a presença de alguém e o homem sem face está ao meu lado, ele passa os dedos em meu rosto e de repente surgem garras e rasgam minha bochecha, grito com isso e rezo pra morrer logo, ele sorri mais com aquela boca horrenda e morde meu ombro arrancando um pedaço deixando a mostra o osso, eu fico fraca mas há algo que ele esta fazendo para que eu não morra tão cedo, grito mais e isso parece irrita-lo, suas garras pegam meu maxilar e o quebram, deixando mais uma onda de dor para suportar, depois que ele está satisfeito sai de cima do carrossel e mexe nos botões fazendo-o acender e começar a girar. A minha volta os outros corpos vao para cima e para baixo assim como eu, e só então percebo que estão todos vivos. Apesar de estarem apodrecendo e ate dilacerados demais para tal coisa. Estão todos sofrendo eternamente. E eu sofrerei também. Vejo a imagem das pessoas do parque, os estranhos rindo e se alegrando com o carrossel de horrores. De gente sofrendo. Sinto o corpo endurecer e pesar, ainda sinto a dor mas não posso me mover, as pessoas vao se transformando em funcionarios de um parque normal, os cadáveres vivos a minha volta se transformam em cavalos normais, inclusive a mim. Estou gritando sem ninguém para escutar, ninguém pode me ver.
Crianças entram no parque correndo felizes, formam a fila para andar no carrossel.
O homem agora normal sobe num banquinho e anuncia:
- Venham crianças, a diversão começará!

Amigo Oculto LiterárioOnde histórias criam vida. Descubra agora