One shot de Caren para Gabi.
_" É como dizem, a verdade dói. E como dói. Parece que estão dando socos em seu estômago e você não pode fazer nada. Apenas aceitar o seu destino._
_Pensei que o amor nos fazia esquecer as mágoas e seguir em frente. Mas fui meramente enganado. Ele é apenas um disfarce, uma camuflagem que esconde a dor. Porém, nem todo esconderijo dura para sempre._
_Até quando você pensava que iria esconder isso de mim ?_
_E sabe o que me deixa mais irado e magoado nessa história toda ?_
_Que você mentiu para mim. Eu te contava como me sentia e você dizia que iria ficar tudo bem._
_Eu realmente te amei e você apenas brincou comigo._
_Tudo parecia tão real._
_Por que você fez isso comigo, Fernanda ?_
_Me sinto sufocado._
_Dizem que os olhos são a porta da alma, mas isso não é verdade._ _Quando você me olhava, eles diziam que você sentia a mesma coisa que eu. Que nós éramos reais um para o outro._
_Mas hoje posso ver que tudo era apenas fantasia da minha cabeça. Uma mera ilusão._
_Seus carinhos que antes eram meu combustível, hoje vejo que eram como uma droga. E que eu estava cada vez mais viciado e alucinado._
_O amor nos cega. E... bom, acho que irei precisar de um transplante de olhos._
_Acho que olhos verdes combinariam comigo. Ou azuis, quem sabe"._
Analisei o pedaço de papel e ri, em negação. Eu estava sendo um idiota. Um idiota apaixonado.
Amassei o papel e o joguei, fazendo com que ele se unisse aos outros papéis que estavam na lata de lixo.
Depois de tanto tempo, eu ainda não consegui superá-la. Mesmo depois dela ter estragado a minha vida e ter me feito de gato e sapato por todo esse tempo.
Abaixei minha cabeça, apoiando meus cotovelos na mesa, e chorei.
As pessoas me dizem que era só um amor perdido, que logo eu iria superar. Mas o que elas não sabem é porquê tudo acabou. Se soubessem, entenderiam o motivo de eu ainda estar assim.
Dentro desses quarenta e três anos que haviam se passado, uma coisa eu sabia : a verdade sempre aparece. Pode demorar o tempo que for, mas uma hora ela vai aparecer. E quando ela vier... os mentirosos que se preparem.
**
São Paulo, Brasil
1970
Os militares estavam cada vez mais macabros. O Brasil parecia um verdadeiro inferno.
Minha mãe faleceu no ano passado. Ela tinha insuficiência cardíaca e os medicamentos eram muito caros. Por um tempo, conseguimos pagar o tratamento, mas com a crise política que estamos vivendo, o dinheiro foi ficando escasso e não tínhamos mais como bancar.
O coração de minha mãe não resistiu, e ela acabou falecendo. Foi muito triste perdê-la.
Fiquei meses numa tristeza que não parecia ter fim. O luto estava me consumindo e, se meu pai não tivesse tomado uma atitude, eu teria perdido de ano na escola. Estava no terceiro ano e precisava terminar os estudos logo para ajudar nas despesas de casa, pois meu pai era um simples mecânico e com a inflação alta, as dividas estavam acumulando cada vez mais.
– Rodrigo, estou pensando numa coisa, mas não sei se devo fazer isso. Estou ficando velho demais para me aventurar desse jeito.
Eu e meu pai estávamos jantando uma macarronada que ele havia feito. Desde que sentamos à mesa para comer, percebi que ele estava distante e que só fazia remexer o prato.
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Amigo Oculto Literário
ContoSorteio entre amigos do grupo do Whatsapp ajudando escritores, em que cada participante recebe em sigilo o nome de outro a quem deve presentear com uma one shot.