Amigo Oculto Literário

A Harpa: O outro lado do pé de feijão

One shot de Rosie para Wânia

Era uma vez... não não há algo errado aí.  Nossa história não começa com era uma vez... E sim com... Há poucas horas, uma mocinha muito bela e faceira, chamada Joana, estava andando em um beco sujo e perigoso. Vocês devem estar se perguntando o que uma doce e inocente mocinha está fazendo em um lugar assim. Mas a realidade é que Joana está longe de ser doce e inocente. Aliás nem sequer uma moça realmente ela é. 

Havia um reino nos céus.  E este era comandado por gigantes.  Estes eram soberbos e sagazes.  Exceto um. E seu nome era Ivan. Ivan era amante das artes e da musica. Tanto que guardava para si tesouros incalculáveis.  E os principais eram um pato que colocava ovos de diamantes e uma harpa  que tocava músicas suaves e mágicas.  Ivan observava o mundo inferior com olhos mágicos e um dia viu uma família muito humilde. Haviam dois irmãos e a velha mãe. Curioso ele passou a acompanhar a vida da tal família e viu que os irmãos eram distintos entre eles. João o mais novo era bondoso e ingênuo. Miguel o mais velho, astuto e ambicioso.

Quando a velha senhora adoeceu os irmãos foram vender sua única vaca. Então Ivan teve a ideia de testa-los, descendo a terra se transformou em um andarilho e se apresentou aos irmãos. Oferecendo em troca da Vaca, algumas sementes que dizia serem mágicas e darem acesso aos portões dos gigantes. João  não queria a troca. Mas Miguel lhe bateu e trocou.

Ambos contaram a mãe que tristemente jogou as sementes fora e se preparou para morrer. O que ocorreu dias depois.

João muito triste após a morte de sua mãe foi dormir, enquanto Miguel saiu para algum lugar onde pudesse encontrar bebida e quem sabe roubar alguém. 

Na manhã seguinte João acordou cedo e saiu para o quintal. Quem sabe achasse algumas cenouras pra comer.  Tal qual não foi a sua surpresa quando viu em seu quintal uma imensa árvore que ultrapassava os céus. Lembrou então das palavras do velho. ‘ A árvore abriga as portas dos gigantes. Seja justo e bondoso e riqueza encontrará. ‘

Cansado e sem ter o que comer há dias ele tomou a decisão de subir na árvore.  Rapidamente ele começou a escalar a árvore. Foi uma escalada difícil e por vezes ele quase caiu. Mas finalmente conseguiu chegar e se deparou com uma grande beleza.  O castelo era feito de ouro. Absorto ele não viu a passagem suja de sangue. Entrou no castelo e o que viu o deixou chocado. Cabeças empalhadas. E corpos  no chão.  Dentre eles o de seu irmão. E bem no centro ela. Linda a tocar. A Harpa. Maldita. A matar. E hipnotizado por ela, Ivan o gigante a chorar.

João quis correr. Mas não pode. Tropeçou em um ovo e caiu ao chão. Atordoado ouviu uma voz suave a cantarolar...

- venha doce humano e seja meu par. Como que hipnotizado ele se levantou e aproximando-se da harpa tocou em sua pele. Algo começou a acontecer dentro dele que passou a gritar de dor. Enquanto a sua frente a harpa começou a humana virar.  E ele em harpa a se  transformar

Ninguém deu por falta dos irmãos. Ivan o gigante continuou hipnotizado por sua ama. E a bela harpa Joana pode finalmente se livrar da maldição dada a ela por seu amo anterior 
Se ao menos Ivan tivesse lido a frase ao longo de seu corpo...

“O mal habita a beleza”

Talvez não fosse vítima também e tivesse suas boas intenções voltadas para o bem. Não apenas para arranjar corpos de troca para que Joana consiga voltar a sua forma demoniacamente doce e fatal. 

E se não fosse a ganância de Miguel que tentou fugir com o pato e acabou virando jantar. Ou de João que foi curioso. Joana ainda estaria acima dos céus e não haveriam história a contar nem sobre João e menos ainda sobre o pé de feijão.