One shot de Egle para Leo
Agora que o fim está perto, que meus olhos mal podem permanecer abertos, vejo minha vida passar diante de meus olhos. E não sei se me orgulho dela.
Eu sempre fui mimado, também vindo de uma família rica, como poderia ser de outra forma? Cresci tendo tudo o que queria. E não foi diferente quando cresci. Tive mulheres diversas. Mas Nunca me envolvi. Elas eram apenas corpos, meras prostitutas:
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Até que eu a vi. Pequena, morena, longos cabelos e um nariz pequeno.
Rinna. Este era seu nome. E ao olhar pra ela foi como ver pela primeira vez. Eu a tomei. Sem culpa. Sem medo e mesmo sem calma. Ela era uma das meninas nova da casa. Mas não me pergunte porquê com ela era diferente. Eu sempre voltei e falávamos sobre tudo. Contei-lhe sobre minha vida e ouvi a dela. E aos poucos fui me apaixonando.
Rinna também. Ela sonhava com uma vida ao meu lado. Mas, eu não queria contar a ninguém. Ela era meu segredo. A coloquei em uma casa e ela largou a vida. Sabia que ela queria mais. Mas eu não podia arriscar.
Vivemos assim por um ano. Encontros furtivos. Até que eu fui pego. E longe de defender meu amor, eu o neguei. Fui covarde.
Rinna foi humilhada e expulsa da casa onde morava. E eu não a defendi.Agora vejo que a culpa por tudo o que nos aconteceu é minha. Se eu tivesse sido homem. Estaríamos juntos.
Se não fosse por Juanita, que me contou o que houve com Rinna e o seu segredo, eu não teria feito nada.
Mas saber que ela carregava um filho meu, um fruto do nosso amor, me fez tomar uma atitude. Eu a levei até a minha casa e disse a todos que ela seria minha mulher. Lógico que ninguém aceitou. Meu pai me levou a força embora dali enquanto minha mãe ficou com Rinna. Soube depois que ela havia levado meu anjo para abortar.
Rinna não quis mais ver a mim. E soube quase tarde demais que ela estava nesse maldito navio. O Titanic.
A encontrei após muita procura e desespero no andar da terceira classe. Dividindo um quarto mínimo com mais 5 pessoas. Ela estava febril.
A custo a levei pra minha suíte na primeira classe e chamei o médico que soube estar a bordo. Não sabia o que o destino nos reservava mas estaria com ela. Ela mal jantou. Aliás mal falava. Estava tão abatida que me agoniava.
Assim passamos a primeira noite. Durante o dia a levei para tomar um pouco de sol. Decidindo que rumo tomar. Não voltaria para casa. Minhas economias e várias joias estavam em minha posse. Dariam para vivermos bem por bastante tempo.
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Nesse momento sinto algo bater em mim. Mas estou tão cansado que não abro os olhos.
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Penso em como falamos sobre um futuro na América. O sonho dourado. Ainda mais chegando no navio dos sonhos. Se bem que não via tanto nele assim. Era um como outro qualquer. Seu capitão era um sujeito taciturno de cabelos pretos.Como Rinna não podia e nem queria descer, jantamos no quarto e depois ela dormiu abraçada a mim.
Logo na madrugada acordamos com batidas na porta. Era um dos empregados e segurava coletes. Acordei minha mulher e esperei ela trocar a camisola. Por sorte havia conseguido roupas pra ela. Que me olhou assustada e colocou o colete. Descemos ao salão principal onde avistamos o responsável pelo navio e sua esposa. Ela ao me ver, foi Logo dizendo:
- Va para o bote. Este navio vai afundar. Se salve meu jovem. Mas não sei se há vagas para a criadagem. - Ela se referia a Rinna.
Segurando a mão dela eu disse:
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Amigo Oculto Literário
Historia CortaSorteio entre amigos do grupo do Whatsapp ajudando escritores, em que cada participante recebe em sigilo o nome de outro a quem deve presentear com uma one shot.