Amigo Oculto Literário

Dona Flor e seus dois maridos

One shot de Caren para Rosie.

Como já dizia Lulu Santos: "que seja justa toda forma de amor". Mas o difícil é mostrar as pessoas o quanto o amor é lindo, independente do gênero e da quantidade de pessoas que fazem parte dele.

Durante esses anos, não foi fácil suportar as pessoas apontando e julgando meu casamento com os homens que eu amo.

Luc e Sebastian sempre me deram forças para continuar e me mostravam o quanto o que sentíamos era maravilhoso (sem contar o quanto eles eram fantásticos quando veneravam meu corpo).

Eu podia até engolir ou fingir que não via o que diziam, mas o pior de tudo foi ouvir meu próprio filho dizendo que o fazíamos era promíscuo e errado na frente de seus amigos.

Isso aconteceu quando fui buscá-lo na escola, numa quinta-feira. Este dia está fixo em meus pensamentos, é impossível esquecê-lo.

Luc e Sebastian estavam ocupados demais com os negócios da empresa e eu bem preocupada com a casa que herdei de minha mãe. Mia tinha promovido uma "revolta" no meio das garotas, dizendo que eu iria obrigá-las a se prostituirem.

Na minha cabeça, Mia sempre foi uma amiga para mim, mesmo que não fossêmos tão próximas ou sequer íntimas.

Eu estava uma pilha de nervos, pois Mikaila vinha agindo estranho ultimamente e não me dizia nada do que estava acontecendo quando a perguntava.

Sebastian havia caído de cabeça do trabalho e chegava muito tarde em casa, mal tinha tempo para me satisfazer. E Luc ia no mesmo caminho. Vez ou outra ele me pegava de surpresa, mas dizia que não faríamos nada demais sem o Luc por perto.

Não vou negar que estava tudo bem, porque não estava. Eu me sentia frustrada por causa dos meus dois maridos. Quando estávamos na mesma cama, era uma combustão de sentimentos e sensações, mas, fora dela, é como se essa chama se apagasse e cada um fosse para o seu canto.

Daniel, nosso filho mais novo, estava com quinze anos. Ele era um garoto tão lindo, forte e inteligente. Era igualzinho aos pais. Os olhos, os traços e os jeitos.

Porém, de uns tempos para cá, ele está ficando mais fechado, de poucas palavras. Mikaila está no mesmo caminho.

Vivi, que apesar de não ser minha filha, criei um apreço enorme por ela. No começo, foi difícil dizer que eu não era sua mãe e que Luc e nem Sebastian eram seus pais.

Ela ficou dias sem falar conosco, dizendo que escondemos a verdade dela. Mas, alguns meses depois, ela viu que só fizemos aquilo para protegê-la.

No final, ela acabou entendo e não quis conhecer a mãe. Ela exigiu que Luc a contasse porque veio parar ali, no meio de nós, já que não herdara o sangue de ninguém.

Após ouvir o porquê, ela decidiu que o melhor era ficar conosco e não quis conhecer a mãe. Segundo ela, se sua mãe fosse uma boa pessoa e a quisesse, ela não estaria ali.

Sinto que a minha família de quinze anos atrás já não é mais a mesma. E não não consigo acreditar que depois de tudo o que passamos, nós próprios estamos nos recriminando.

Sebastian me ligou avisando que não poderia ir buscar Daniel na escola, pois marcaram uma reunião de última hora e que ele não podia faltar de forma alguma.

– Oi, Ella. Me desculpa. – Quando ele disse isso, eu já sabia que desmarcaria alguma coisa que combinamos. – Não poderei ir buscar Dani na escola e nem irei almoçar em casa. Lembra daquele investidor canadense? Então, ele marcou um almoço para ajeitarmos as coisas e preciso me preparar para recebê-lo.