Bela Adormecida

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One shot de Bia para Gean 

—Por que estou fazendo isso? Mas é tão belo, tão impressionante, tão... - Aurora não conseguiu se segurar e tocou na ponta afiada, furando o dedo indicador da mão esquerda.

E dormiu...

Aurora não tive uma infância comum. Fora arrancada de sua mãe ao nascer de um caso clandestino de seu pai. Como a rainha oficial não podia ter filhos, ele aproveitou-se da situação e fez a filha ilegítima, herdeira. A Rainha aceitou calada, pois o reino próspero, com campos verdes e aldeões satisfeitos, tinha que continuar. Rei Eduardo, ótimo para a população, mas violento com a esposa, não aceitaria uma recusa.

Assim, Aurora tornou-se princesa e no seu aniversário de três meses, fora apresentada ao reino em um baile grandiosa. O castelo, de três torres, tinha um salão magnífico que fora arrumado com três mesas retangulares, mais a mesa da família real, para ser servido o banquete. Obvio, que todos estranharam a rainha dar a luz, sem passar por uma gestação, mas apreciaram o banquete e saudaram a nova princesa. Até que as portas duplas de madeira de lei se abriram, entrando uma mulher de capa preta e cabelos revoltos. Todos se calaram a sua entrada abrupta e sua risada maléfica.

- Lanço uma maldição a menina, quando tiver a idade de quinze anos ela morrerá e não sucederá ao trono. Com a sua morte, o reino acabara.

Espantados com as palavras de Malévola, os aldeões correram porta afora. Eduardo com raiva, chegou perto dela e batendo no rosto, mas um plano se formara na sua cabeça. Malévola, não era uma mulher qualquer, não possuía poderes, mas era dita bruxa por conhecer feitiços e ervas que curavam. O receio de Eduardo não era por isso, mas sim por ser mãe da princesa, e praga de mãe... Também ela sabia que aos quinze anos, dava-se inicio ao treino de princesa e as lições de como continuar o reino.

A mulher caída no chão após o tapa, riu dali mesmo para Eduardo, debochando do tapa. Levantou-se e saiu do castelo como se nada tivesse acontecido ou feito, simplesmente foi embora. Sua casa na floresta não era de toda riqueza, mas naquela cama Aurora fora feita com amor, pelo menos da parte dela. Na casa de madeira, não existiam cômodos, a cama ficava perto da janela, a mesa de três cadeiras no centro e o fogão a lenha, na entrada da casa. Malévola guardava seus itens de bruxaria atrás da casa, onde havia uma horta para sua subsistência e de ervas malditas.

Eduardo pensou que deveria proteger sua sucessora. Não deixaria nada lhe acontecer, senão realmente o reino acabaria ali, com a morte da filha. Como faria isso? A Rainha espantada, com a criança no colo, olhava-o sem entender. Logo veio a solução, iria escondê-la com a família da esposa. Lá ninguém a encontraria e disso tinha certeza, porque ninguém sabia de sua origem.

E assim foi feito. Mandadas para uma aldeia vizinha, a Rainha reviu suas três irmãs, mas não podia acreditar na mudança delas. Estavam pobres e a casa rica, se fora há muito tempo. Para se sustentarem, as irmãs, Fauna, Flora e Primavera, tiveram que se prostituir. A rosa, nossa rainha, sabia que não havia condições de criar Aurora ali, mas não tinha outro jeito, senão ficar. Enfrentar um rei agressivo não era alternativa e a mãe da garota sendo bruxa, melhor manter distancia. Nesse momento, toda a raiva da traição veio sobre ela de forma avassaladora, não se importou com o que havia deixado para trás. Ali, no meio da sala imunda, colocou a cesta com a bebe na mesa de madeira e as mãos na cintura, negando com a cabeça.

- Que se dane! - falou alto e firme pela primeira vez, fazendo suas irmãs se calarem. - Agora estou aqui. Ouçam!

E assim, Rosa tornou-se dona do prostíbulo. Responsável pelas finanças, reformou a casa e comprou roupas novas para as irmãs. E, Aurora fora esquecida, lembrada apenas quando chorava. Apenas assim, a fim de calarem o seu choro e não incomodar os clientes, que tinha as coisas necessárias para sobreviver.

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