Motel

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Pippa para Taise

Sempre fui muito leal às minhas amizades, sou daquele tipo de amiga que se o meu amigo é inimigo do capeta, eu compro briga com o capeta para defender o meu amigo. E em caso de encontros também não é diferente.

Jô e eu nos conhecemos na adolescência, no colégio, ela era bem louca, não ligava muito para nada, ficava com vários carinhas ao mesmo tempo, até que se apaixonou por um de outra cidade e que tinha namorada e me chamou para ir à cidade dele tentar dar um flagra nele e desmascará-lo.

Eu linda e leal, fui com ela, também se eu não fosse ela teria ido sozinha, então lá fomos nós.

Jô chamou um amigo, Pedro, gay que tinha carro e partimos para Búzios-RJ. Pedro gostava de se iludir andando com mulher na intenção de atrair homens.

Jô era uma morena muito bonita, chamava a atenção de quem a visse. Quem nos conhecia falava que eu era boba por não ter ficado com ela quando ela quis. Eu não fiquei e nem ficaria, pois ela estava meio embriagada no dia e eu a queria, sóbria.

Chegamos em Búzios, tudo lindo e ela pegou a anotação com o endereço do namorado sacana dela e fomos lá. Cansado da viagem, Pedro ficou num restaurante e eu fui com ela à casa do cara, passamos um tempão esperando à sombra de uma árvore e nada de ninguém sair nem chegar naquela casa, eu cheguei a pensar que ali nem morasse gente.

- Acho que ninguém vai aparecer nessa porra, não, Jô! - disse aborrecida morta de sede e fome, pois só comemos batata frita e refrigerante no caminho.

- Calma, ele está chegando...

- Está chegando aonde, maluca?

- Aff... - disse aborrecida e chegou mais perto da casa do amado. Eu observava encostada na árvore. Gargalhei quando uma mulher saiu da casa e Jô tentou correr para não ser vista e a mulher perguntou se podia ajudar em alguma coisa. - Por aqui tem lotérica, moça?

A mulher foi toda prestativa e nos levou à lotérica. Agradecemos calorosamente e a mulher voltou para sua casa.

- Vai jogar? - perguntei sorrindo debochando da cara dela.

- Vai pra porra! - disse e saiu, eu a segui, ela verificou o celular e viu uma mensagem de Pedro. - Filho da puta! Pedro está voltando pro Rio, cara! Vou matar ele. Como vamos pra casa? Está escurecendo já. - Ela choramingou e ligou para ele deixando no viva-voz. - Pedro, seu puto. Que porra foi essa?

- Jô, aconteceu uma coisa chata lá em casa, passa a noite em algum lugar que de manhã eu vou buscar vocês.

- Minha bolsa está com você, seu idiota.

- Vish! Desculpa, Jô. Eu não posso voltar agora, é a minha mãe... - Pedro explicou, sua mãe sofria de depressão e com certeza teria tentado se matar de novo, e ele morava com ela.

- Relaxa, Jô, vamos pra um hotel, eu estou com as minhas coisas aqui, faço check-in no meu nome. - Eu a acalmei e saímos andando à procura de um hotel para passar aquela noite.

Alta temporada em Búzios não se encontra hotel nem armada. Pegamos um táxi e pedimos informações sobre hotéis e ele avisou que naquela hora só motel.

Jô olhou pra minha cara e sorriu, pois falamos sobre isso na noite anterior, quando eu falei que nunca tinha ido a um motel; eu dei de ombros e pedi que ele nos deixasse no mais próximo e que não fosse tão caro e blábláblá.

Único motel com vaga havia uma enorme fila de carros, parecia que todo mundo estava com promoção de tesão para aquela situação estar daquela forma.

Amigo Oculto LiterárioOnde histórias criam vida. Descubra agora