O doutor louco

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One shot de Bia para Pippa

- Isso não vai dar certo. – Raquel falava sonolenta, com o seu cabelo ruivo espalhado pela fronha.

- Claro que vai! Nelson é um gênio – defendeu Davi, beijando o seu pescoço, sabendo que ela gostava de ser acordada assim.

- Não sei, não quero me arriscar.

- Raquel, eu estarei lá. Confie em mim. – o beijo a despertou de imediato e seu sono foi embora quando se amaram de verdade. Depois tomaram banho juntos e foram para a aula.

Estudantes de medicina, questão sobre a morte era sempre algo que não tinha resposta. Querer salvar vidas ia muito além de o simples querer, mas ressurreição era complicada para qualquer um que não fosse Deus. Aquela ideia atormentava Raquel de tal forma que não podia negar sua aflição, seu pavor. Davi era confiante, sempre agia por impulso e muitas vezes em sua residência salvara vidas dessa forma. Mas medicina era ciência não apenas sorte ou destino.

Chegando a sala de dessecação, começaram a trabalhar no mesmo corpo humano, Davi com o bisturi firme em sua mão direita e seus olhos azuis concentrados. Ela amava aquele olhar, aqueles lábios e aquelas mãos, respirou fundo quando Davi mandou ela identificar o que estava exposto.

- Fígado.

- Diagnostico?

- Cirrose, câncer no fígado causado por excesso de álcool.

- Identifique – José se aproximou na mesa e levantou o lençol, mostrando o órgão genital do defunto. Raquel revisou os olhos escuros e cruzou os braços.

- Se sonho de consumo – Davi riu respondendo o amigo.

- Não mesmo, tenho exatamente...

- Não comecem com isso – interrompeu Nelson chegando perto deles e abaixando o lençol. – Estão prontos para hoje à noite?

- Não – disseram os três colegas juntos. José sempre com o sorriso maroto nos lábios, dessa vez estava serio como os outros.

- Essa ideia é loucura – falou Raquel pegando o bisturi para abrir o fígado investigado.

- Preparado não estou, mas vou com você. Quero ver no isso vai dar. – falou Davi olhando Nelson, que sorria.

- Você vai ver, caro amigo. Zé leve a câmera. Quero que todo o processo seja registrado. – falou Nelson se afastando.

A aula transcorreu bem, caso alguém ali soube o que iriam fazer internariam na ala de psiquiatria, fazendo seus cérebros serem estudados pelos futuros médicos. José foi examinar o corpo de uma mulher, enquanto Raquel continuava com o defunto bem dotado. A professora doutora era severa, e se estava em sua aula distraída, teria que fingir muito bem. Bruno chegou perto dela e deu-lhe um beijo na bochecha, apesar de tímido sempre fora carinhoso com Raquel.

- Tudo bem?

- Não e você sabe porquê – Raquel fingia concentração no corpo.

- Eu sei mesmo – Bruno respirou fundo, o único contrário ao plano maluco de Nelson. As duvidas eram inúmeras. E se não desse certo? E se alguém morresse? E se desse certo? Quem levaria o credito pela experiência?

Terminada a aula, os amigos foram almoçar. Como estava um clima agradável, sentaram no gramado ao lado do refeitório. Raquel sentou-se entre as pernas de Davi, os outros lado a lado formando um circulo. Não tinha como não notar a excitação de Nelson no ar. De olhos claros e atentos, brilhava mais uma vez ao rever o plano, que todos ouviram há um mês.

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