De Caren para Igor
Todo ser humano tem suas necessidades básicas, mas quando não realizadas, somos capazes de loucuras que vão contra nossos princípios. Se nós, que somos seres racionais, não conseguimos conter nossos desejos, imagina como seria um ser irracional fora de controle?
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- Como é possível ocorrer uma série de assassinatos em tão curto espaço de tempo e não descobrirmos o assassino? – Questionou Alisson, enquanto verificava as marcas no pescoço da vítima. – Será que há um serial killer na cidade? Porque todos os corpos que encontramos esta semana tem o mesmo ferimento e no mesmo lugar.
– Pode ser que sim, Ali. Temos que parar este maníaco. Mas sequer sabemos como ele seleciona suas vítimas. Não faço ideia de onde podemos começar a procurar.
Os paramédicos aproximaram-se e colocaram um saco preto por cima do corpo, o cobrindo. Logo o puseram na ambulância, encaminhando-o para o IML.
– Bom, pelo menos sabemos que todas as vitimas era mulheres.
Por um instante, Ali pareceu parar no tempo e estalou os dedos, assustando-me. Um sorriso brotou em seu rosto. Como alguém poderia sorrir perante um homicídio? Isso é tão sádico. A cara que ela fazia era de quem estava prestes a gritar EUREKA!– Ora, como não pensei nisso antes? – Riu do seu próprio devaneio, deixando-me ainda mais confuso. – Liga para o IML e peça para o legista fazer um exame vaginal.
Não haviam marcas de estupro ou violência brutal no corpo da mulher. Eu não conseguia entender onde o pensamento de Alisson havia chegado. Até que...
– Claro! – Dei um tapa em minha testa, caindo em mim. – Ainda bem que sou só o cara que sabe atirar, pois eu seria um péssimo investigador. – Ri da minha própria burrice. – Este assassino só pode estar querendo dar uma de vampiro, drenando o sangue de moças virgens!
Eu queria muito poder dizer que elas não era virgens coisa nenhuma! Mas aí eu acabaria me entregando e estragando meus esquemas do final de semana.
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Uma semana passou e finalmente saíram o resultado dos exames. E constatamos que as vítimas não eram virgens, mas sim prostitutas.
Não quis dizer nada para a polícia, mas quando brigo com minha esposa, saio para beber num boteco e vou para Casa das Ninfas (um bordel que fica quase no fim de linha da cidade, pois é clandestino). Algumas vezes, já vi as mulheres que foram assassinadas numa das minhas noites de diversão.Mas a última que encontramos, com as mesmas características das outras, eu nunca tinha visto antes.
Não sei se é pecado achar bonita uma mulher morta, mas ela era linda. Tinha um corpo escultural e suas feições eram perfeitas, como se tivessem sido feitas à mão.– O que faremos agora, Phil? Eu não sei como iremos atrás desse crápula! Os legistas tentaram encontrar digitais nos corpos, mas não havia. As câmeras de segurança do local pararam de gravar bem na hora que um vulto preto passa pelas vitimas. Não posso perder meu emprego, Phil, não posso.
Estávamos sentados na mesa do bar Afogue as lágrimas (nome bem peculiar, já que a maioria dos clientes ama desabafar suas ilusões amorosas ou frustrações com o garçom). Ali bebia uma cerveja, enquanto eu tomava um suco de cupuaçu.
– Calma, Ali. Se afogar na bebida não trará a solução dos seus problemas.
Que hipocrisia, não? Porque é exatamente isso que faço quando quero achar uma forma de reconciliar meu casamento. Mas parece que nada dá certo e apenas a bebida me faz esquecer. E são as putas que relaxam meu corpo, mostrando-me o quanto sou bom em alguma coisa, além de atirar e prender marginais.
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Amigo Oculto Literário
ContoSorteio entre amigos do grupo do Whatsapp ajudando escritores, em que cada participante recebe em sigilo o nome de outro a quem deve presentear com uma one shot.