DESIGUALDADE DE GÊNERO

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De Bia para Sandy


—Aquela família é esquisita – falava Letícia com suas amigas na hora do almoço.

—Que família? - perguntou Léa.

—Meus novos vizinhos – explicou Letícia a ruiva. - Já estou cheia de problemas na empresa e agora essa..

—Aquilo é ridículo, não se preocupe – falou Verônica tentando tranquilizar a amiga.

Letícia era presidente de uma multinacional de eletroeletrônicos e além de das metas para alcançar ao findar o mês, tinha que gerir o pessoal de sua empresa, principalmente na sede onde trabalhava.

—O que aconteceu? - perguntou Leia que era dona de uma loja no shopping, onde almoçavam. Sempre se encontravam nessa hora, com a vida corrida não tinha tempo além desse, mas eram amigas há muito tempo.

—Leandro está de bronca – verônica insistia em colocar a culpa no rapaz que nada fizera, como era responsável pela contabilidade da sede, deveria ficar mais preocupada que Letícia.

—Por que?

—Camila apenas o chamou para sair. - Verônica revirou os olhos.

—Não. Camila passou a mão nele! Mas convenhamos, quem mandou ele usar aquelas calças justas? E aqueles peitos definidos? Nossa! Eu me segurei para passar a mão nele antes – falou letícia se abadando, fazendo as amigas rirem. Letícia era negra, alta e linda, sempre impondo sua presença sem esforço algum, não era a toa que chegara onde chegou.

—Ele estava pedindo – verônica falou com o dedo em riste.

—Sério? Esses homens não tem noção! Depois não querem ser chamados de putos! - Léa concordou com elas. - Deveriam usar uma roupa adequada, pelo menos no ambiente de trabalho.

—O que é acontece é que ele quer denunciar o deslize dela como assedio sexual. Eu não quero isso para minha empresa.

—Eu sei, mas deixa ela. Não vai pegar nada para você. Ele procurou não é? - Verônica sempre tinha resposta pronta para consolar a amiga e realmente não estava preocupada.

—Verdade.

—Agora conta dos seus vizinhos. - Léa comeu uma garfada do seu prato.

—Menina, não tem como acreditar! Ela não trabalha. - essa afirmação fez as amigas olharem para ela espantadas. - Fica em casa cuidando dos filhos enquanto o marido sustenta a casa.

Verônica e Léa continuam a olhando sem acreditar, aquilo não era comum afinal. A mulher tinha que trabalhar e ser a provedora da família. Os pais cuidavam das crianças e da casa, porque eram educados para isso. Aqueles vizinhos dariam o que falar!

—Como assim? Sustenta pelo marido? Ela não tem vergonha?

—Sei lá – letícia deu de ombros. - Mas quando eu vi fiquei igual a vocês. Ela quem cria os filhos. Se Anderson fizesse isso comigo, eu riria da cara dele. Se ele quiser trabalhar, que arranje um babá.

—Lá em casa dá certo e o nosso babá é um fofo. Quase o peguei um dia desses – Veronice fez as amigas rirem mais uma vez.

—Está aí um homem que admiro – disse leia colocando o cabelo atrás da orelha. - Ele estudou, trabalhou e te conquistou. Não quis fazer o que a sociedade lhe impunha, afinal criar os filhos é dever do homem! Já os parimos e está ótimo!

—Sim, mas o que quero dizer é que essa família está fora da realidade. Vivendo como quer. - Letícia explicou o desconforto.

—Aí não podemos fazer nada, não é...

Amigo Oculto LiterárioOnde histórias criam vida. Descubra agora