De Dani para Sandy
Carlos vem caminhando pelo condomínio que morou durante a sua infância, mas agora vinte anos depois, tudo parecia tão diferente. Só uma coisa que não mudou. Seu primeiro amor pela Clarice. Esperava encontrá-la na sua casa, pois seus pais sempre passavam a virada de ano lá, porém foi surpreendido ao ouvir seu irmão e melhor amigo contando que ela foi com as amigas para Copacabana assistir Annita. Começa a sorrir ao lembrar das lindas fotos de família espalhadas pela casa, teve certeza que o tempo fez muito bem para o seu amor.
Agora as duas da manhã do novo ano, conclui que simpatias é coisa de louco e nunca deveria acreditar em magia ou algo similar, só bobos acreditam nisso. Se aproxima da praça e observa uma pessoa chorando, aproxima-se e perceber ser a Clarice.
– Clarice? – pergunta para não ter dúvidas.
– Quem é você? Como sabe meu nome? – responde gritando, pois, a virada dela já foi uma catástrofe e última coisa que precisa é de um curioso vendo ela chorar.
– Não precisa gritar! Não sou surdo!
–Eu grito a hora que eu quiser, estou no meu condomínio e você pelo visto deve ser um invasor. Vou chamar a segurança se não parar de me importunar.–Pensei que em vinte anos você mudaria esse seu jeito, mas continua a mesma, só está mais linda.
–Vinte anos? – Ela tenta lembrar, mas não faz ideia de quem seja. – Você vai ficar enrolando ou vai me dizer quem é?
–Eu nem mudei tanto assim. Sou o Carlos seu vizinho – fala com uma tristeza no olhar e de repente o inesperado acontece.
Ela o abraça e cai no choro novamente e assim fica por alguns minutos. Ele durante esse tempo acaricia a o cabelo dela e começa a ficar preocupado.
–Carlos, Desculpa por não ter reconhecido você. Minha virada foi a pior de todas. A única simpatia que resolvi seguir, não deu certo e agora – começa a chorar novamente.
–Desde quando você é tão supersticiosa? Aprendi que isso é besteira das grande – fala para ele começar a acreditar nisso também.
– Desde... – Ela lembra-se de ter ficado assim depois dele ter ido embora – Isso agora não importa. Por que você deixou de ser supersticioso?
–Você irá responder alguma das minhas perguntas? Vamos fazer assim, eu respondo essa, mas precisará dar a resposta da minha próxima. Combinado?
–Fechado! – sente um calafrio ao dizer isso e nem sabe explicar o motivo.
–Deixei de ser supersticioso hoje. Simpatia para mim sempre foi a mágica que acontece, após termos diversos pensamentos positivos para alcançarmos um objetivo e hoje não aconteceu nada. Era algo extremante importante para mim. – Responde triste e logo faz sua pergunta – O que aconteceu na sua virada?
–O que você queria tanto? – ela pergunta.
Ele começa a rir e não consegue parar. Clarice com o rosto vermelho e querendo gritar. Fecha a cara.
–Não faz essa cara, o combinado era me responder e você fez ao inverso.
Percebendo que não tem para onde fugir. Ela sorri e começa a falar.–Anteontem na internet, li uma simpatia para não ficar solteira no outro ano e tinha diversos passos a seguir. Fiz todos, irritei meus pais ao contar que iria passar a virada em Copacabana e não com eles. Fiquei horas na fila para comprar o bilhete do metrô no dia trinta. Quase fui atropelada por pessoas para sair do metrô e chegar na praia. Demorei horas para encontrar um cara moreno e de blusa roxa bonito para eu beijar na hora da virada, precisei andar horrores para ter a chance de falar com ele. Enrolei ele até a virada, porque o beijo precisava ser na hora da virada. Na hora do beijo algum idiota estoura um espumante horrível na minha cara. Nunca senti tanta raiva em toda a minha vida. A virada aconteceu e eu não beijei ninguém. Ainda foi um inferno o retorno para casa. Minha vida amorosa de 2018 está definitivamente arruinada. – Começa a chorar novamente.
Carlos começa a rir e olha para o seu amor com todo carinho que sempre sentiu por ela. Limpa a suas lágrimas e fitando-lhe os olhos, beija-lhe na boca, sendo totalmente correspondido. Clarice para o beijo.
–Por que você deixou de ser supersticioso?
– Acabei de voltar a ser – Ele sorri e beija-lhe novamente.
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Amigo Oculto Literário
Short StorySorteio entre amigos do grupo do Whatsapp ajudando escritores, em que cada participante recebe em sigilo o nome de outro a quem deve presentear com uma one shot.