Harpias

18 5 2
                                    

One de Caren para Isequiel.

As harpias são criaturas​ mitológicas que são representadas como aves de rapina com belos seios que distraíam os homens desavisados e rosto de mulher, longas unhas e são conhecidas por despertar paixões arrebatadoras. Porém, desta vez, elas não vieram arrebatar grandes amores, mas sim destruir grandes reinos.

Esses seres voavam grandes velocidades, possuíam olhos mais apurados que os das águias e eram capazes de cortar um homem ao meio com suas poderosas garras.

A iconografia ora as mostra ávidas de sangue e de sexo, a aguardar o momento de beber o sangue do herói que tombou na refrega, ora sedutoras mulheres aladas, transportando carinhosamente o corpo de um jovem, não necessariamente para o Reino de Hades, mas para alguma espécie de paraíso, onde possam mais tarde usufruir do amor do raptado.

Mais tarde, sobretudo à época clássica, as harpias transformaram-se em monstros horríveis, com rosto de mulher idosa, corpo semelhante ao de abutre, garras aduncas e seios pendentes. Pousavam nas iguarias dos banquetes e espalhavam um cheiro tão infecto que ninguém mais podia comer. E, dizia-se, que habitavam as ilhas Estrófades, no mar Egeu.

Muito mais tarde, o poeta romano Virgílio, na Eneida, colocou-as no vestíbulo do Inferno, junto com outros monstros.

Reza a lenda, que esses belos monstros foram criados pelo próprio Zeus, que queria fazer o malvado Fineu pagar por seus erros.

Fineu, o advinho, rei da Trácia, havia recebido de Apolo o dom da profecia com a recomendação de que jamais deveria revelar os segredos dos deuses do Olimpo. No entanto, Fineu ignorou-o e, como castigo, Zeus tirou-lhe a visão e enviou as Harpias para persegui-lo.

Por isso, além de deixar o homem cego, ele enviou as Harpias para roubarem a comida dele sempre que sentasse a mesa para alguma refeição. Dessa maneira, Fineu, que era uma pessoas que conseguia ver o futuro, sofria demais, pois todos  que iam a sua ilha levavam comida para ele em forma de oferenda, mas sua boca jamais tocava os alimentos que eram roubados pelas poderosas Harpias.

Quando os argonautas passaram pela Trácia, o soberano pediu-lhes que o libertassem dos monstros. Zetes e Cálais, filhos do vento Bóreas, perseguiram-nas.

O destino determinara que as harpias só pereceriam se agarradas pelos filhos de Bóreas, mas estes perderiam a vida se não as alcançassem.

Perseguidas sem trégua, a primeira, Aelo (que significa a borrasca), caiu em um riacho do Peloponeso.

A segunda, Ocípite (que significa a rápida no vôo), conseguiu chegar às ilhas Equínades. Íris ou, segundo outros, Hermes, postou-se diante dos perseguidores e proibiu-lhes de matar as harpias, porque eram “servidoras de Zeus”. Em troca da vida, as harpias prometeram não mais atormentar Fineu.

Em agradecimento por ter sido liberto das harpias, Fineu mostrou a Jasão e os argonautas o caminho para passar pelas Simplégades.

Durante muito tempo, elas viveram em paz, até que o poderoso Jasão, filho de Esão, chegou à ilha com sua poderosa frota e enfrentou os monstros voadores em uma batalha sangrenta. Jamais d’antes vista nessa terra.

Enéias e seus companheiros, depois da queda de Tróia, na viagem em direção à Itália, pararam na ilha das harpias; mataram animais dos rebanhos delas, as atacaram quando elas roubaram as cames, e ouviram uma das harpias terríveis profecias a respeito do restante de sua viagem.

E, graças à Zéfiro e Falais, dois guerreiros alados e com poderes inimagináveis, os homens de Fineu puderam vencer, expulsando assim as Harpias da ilha, fazendo com que elas vagassem pela Grécia sem rumo.

Amigo Oculto LiterárioOnde histórias criam vida. Descubra agora