De Danielle para Ariane
TUM!
-Essa é o último som que me lembro antes de apagar naquela noite. – É a maior mentira da minha vida, mas preciso fazer isso pela minha família.
-Você não se lembra de mais nada para nos ajudar nessa investigação? – Perguntou o Delegado e melhor amigo do meu Pai
-Infelizmente, não.
-Sem problemas! Isso é norma acontecer, quando sair do hospital vou precisar de você na delegacia para registrar o seu depoimento e quem sabe até lá você lembre de mais alguma coisa.
-Pode deixar! Ao receber alta passo por lá!
-Eu vou encontrar os covardes que fizeram isso com você, pela memória do seu pai!
-Não precisa prometer nada pela amizade de vocês, sei da sua competência como delegado. Acredito que você irá resolver isso.
– Ele não resolverá nada sem a minha ajuda, pois eu lembro de tudo.
-Obrigado pela confiança! Até mais! – Ele sai e fecha a porta.
Nunca desejei tanto ficar sozinho como agora. O sono está chegando novamente.- Papai! Papai! Estou com medo!
-Meu filho, não precisa ter medo de dormir com a luz apagada. – Abraça-me e levanta da cama
-Tem um monstro embaixo da minha cama – Falei chorando
Pega-me no colo e retornarmos ao meu quarto. Acende a Luz, Olha em cada canto como se estivesse investigando um caso. Ao terminar me olha nos olhos.- Você confia no papai?
-Sim! Muito!
- Como policial revistei todo seu quarto e não tem nada aqui.
-Eu vi papai! Não acredita em mim?
- Claro que acredito, mas ele deve ter ido embora assim que cheguei.
-Por isso preciso da luz acessa, o monstro não gosta de luz e tem medo de você.
- O monstro não tem medo de mim e nem da luz, ele tem medo de policiais. Sabe por que?
-Não!
- Os policiais são super-heróis que sempre vão nos defender dos monstros que ficam embaixo da cama e dos monstros que ficam por aí na rua.
- Como ele sabe que você é policial?
- Vim com o meu distintivo da sorte! Eles reconhecem só pelo cheiro.
Peguei o distintivo e cheirei.
- Papai! Isso não tem cheiro.
Ele gargalhou e acariciou a minha face.- Somente os monstros sentem esse cheiro. Vou deixar ele com você. Assim não corre o risco de vir aqui de novo.
-Obrigada Papai! Os policiais são sempre os Heróis!
Deito em minha cama e durmo. Sem saber que era a última vez que conversava com ele.
Acordo suado na cama do hospital e com a minha irmã mais nova me olhando.
- Sonhando com o papai?
É impossível esconder qualquer coisa dela, me conhece melhor que eu mesmo.-Não precisa responder. Pela sua cara, horrível por sinal, estava lembrando da sua última conversa com ele.
Quando meu pai morreu, eu tinha seis anos e minha irmã dois. Ela não tem nenhuma lembrança de convivência, por esse motivo passei contando – a, durante anos, todas as nossas conversas. Essa é uma delas.
-Falei com o Miranda! Eu não acredito que você não lembre de nada de ontem à noite. Posso nem saber o motivo da sua mentira, mas com certeza você não esqueceu. Uma pessoa que sabe todos os detalhes das suas conversas de infância com o papai, não esqueceu mesmo a sua última noite. Pode falando desembucha. Se não me contar vou até a delegacia deixar isso claro para o ele.
Definitivamente, não quero contar para ninguém, pois sei que todos correm perigo, porém deixar minha irmã curiosa é a pior das ideias.
-Você venceu maninha! Só me prometa não contar nada para ninguém.
Ela fechou a boca como se tivesse um zíper em seus lábios.
-Descia o morro da Casa do Guilherme e ouvi uma voz conhecida. Segui e me deparei com vários policias fazendo um acordo com os traficantes da comunidade. Deveria ter saído de lá na mesma hora que reconheci todos eles.
Minha curiosidade foi maior e nem percebi quando derrubei uma lata de lixo próxima do local. Com todo aquele barulho me viram, tentei correr, mas me pegaram. Os bandidos queriam me liberar, mas os policiais me reconheceram e disseram que não poderiam fazer isso. Levaram-me para o carro e me proibiram de falar qualquer coisa, se não você e a mamãe poderiam morrer.
- Porque te bateram? Não faz sentido!
-Porque eles são monstros que só se satisfazem quando tem vontade.
O líder deles lembrou que odiava o nosso pai. Isso foi motivo para ele ordenar meu espancamento. Todos obedeceram sem questionar.-Isso não pode ficar assim! O Miranda precisa saber disso, ainda mais se você sabe quem são os malfeitores.
-Não! Tenho outro plano em mente! Nem tente me chantagear que não vou te contar.
Ela assentiu. Fiquei muito triste naquele momento, pois aprendi da pior forma que os policias não são sempre os heróis.
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Amigo Oculto Literário
Historia CortaSorteio entre amigos do grupo do Whatsapp ajudando escritores, em que cada participante recebe em sigilo o nome de outro a quem deve presentear com uma one shot.