Final de ano na praia

4 1 2
                                    

De Sandy para Bia

Poder sentir a areia fina e gelada sob meus pés era uma dádiva

A emoção embargava-me de seguir adiante

Pessoas se abraçavam sem ao menos se conhecerem

A emoção de uma esperança renovada para o próximo ano, era a responsável.

E eu, apesar de ninguém me notar, estava feliz.

Réveillon é a época do ano que mais gosto, apesar das controvérsias
Ela nos permite sonhar com algo melhor,

Nos permite planejar, mesmo que no fundo, saibamos que metade ou menos do que pensamos, realmente executaremos.

Me locomovi em meio a multidão, enquanto recitava meu mantra “sou complicada, mas dá para consertar”.

Estava tão iludida quanto essas pessoas transbordando sonhos.

Eu me aproximava e eles esbarravam em mim sem se desculparem.
Não podia culpa-los.

Cheguei até o mar e pessoas faziam pedidos à Iemanjá

Outros pulavam 7 ondas e demais crenças

Eu apenas pedia à Deus que meus familiares pudessem suportar essa data.

Que deixassem lembranças dolorosas de lados e seguissem em frente, como eu segui.

A noite avançava e poucos ainda se aventuravam na madrugada.

Como sempre, eu permaneci no mesmo lugar.

Tive o privilégio de, ao menos, ficar para sempre em um local tranquilo e amável.

Por fim, a praia ficou desértica e eu sentei-me em sua areia admirando a imensidão do vazio diário.

Um bêbado solitário esbarrou em minha cama. Assustou-se e saiu correndo cambaleando.

Meu riso, apesar de maldoso, já estava se tornando rotineiro.

Era só verem a cruz fincada num canto da praia e suas expressões mudavam.

Foi nesse canto, aos 28 anos, que pulei em brincadeira e aqui minha alma permaneceu.

Amigo Oculto LiterárioOnde histórias criam vida. Descubra agora