Mãe, calcinha e chão

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One de Rayssa para Lucas Leandro.

O toque do celular soava pelo quarto, primeiro um som distante que logo perturbava a minha alma. Resmungo, meu corpo não quer acordar, mesmo assim forço meu braço a ir até o criado mudo e deslizar sobre a tela, aceitando a ligação.

- Quem é?? E por que não me deixa dormir?? - minha voz soa rouca e raivosa.

- Vitória... - o som era baixo, não soube identificar quem era.

- É o meu nome, quem é?? - respondo mais estressada.

- Amor... Sô eu... - um som de uma fungada ressoou pela linha.

- Caleb?? - me sento, agora mais acordada, mesmo meu cérebro gritando "VOLTA A DORMIR!". - Por que está chorando??

- outra fungada é ouvida. - Eu... Eu tô, e-eu quero a minha mãe. - ouço um grande grito e afasto minha orelha do celular.

- Então por que não liga para ela?? - bufo.

- Por que eu quero falar com você. - posso imaginar um bico sendo formado em seus lábios.

- Onde você está?? - ligo o abajur e resmungo, pelo fato de seu lado na cama estar do mesmo jeito de quando fui dormir.

- No Bar perto do trabalho.

- Está com quem?? - suspiro já esperando uma confissão.

- Ninguém.

- Caramba! Não acredito que tu foi beber depois do trabalho como um perdedor de filme ruim! Tu tem merda na cabeça!?

- Discurpa! Mas eu queria álcool! E voxê não ia deixar!

- Tá! Estou indo te buscar! Não leva essa bunda magra do banco!

- Mas eu estou em pé... - sua voz sua cada vez mais grogue e lenta, mais lenta que o normal.

- Então procura um lugar para sentar! - grito e desligo o celular.

Tento levantar com raiva, mas o lençol escorrega, parando no pé o que me faz deslizar e odiar a gravidade, o chão some e tudo gira.

Fui levada ao chão.

Nocauteada pelo lençol.

Juro que senti um "dong" decretando que ele havia vencido.

O grande monstro branco - lençol de cama - me envolvia com seus grandes braços, tentei lutar contra ele. Me esgueirando entre uma ponta e outra que estavam enlaçadas ao meu corpo.

- Essa bosta de lençol que só atrapalha a minha vida. - levanto no chão e saio batendo os pés fortemente, pego a chave do carro e o celular largado no criado mudo - não toquei no lençol, óbvio.

O vento gelado passou por despercebido, enquanto entrava no carro e girava a ignição.

...

Silêncio... Era isso que o meu carro fez, o simples silêncio que me impedia de locomover.

O telefone toca novamente.

- Vitória! Cadê voxe?? Eu... Eu quero iz pá caza.

- Estou tentando peste! Não me atormenta. - jogo o celular no banco do passageiro e tento ligar o carro novamente.

Na quarta vez ele funciona.

Alta velocidade por consequência da minha falta de paciência, me fez chegar ao bar rapidamente. Uma pequena corrida para dentro do comércio, procurando uma cabeça cacheada.

- Vitória! - sua voz rouca ecoa pelo bar, que por essa hora da madrugada - seja ela qual for - o ambiente estava deprimente e a única luz de alegria vinha do dono dos cachos.

- Caleb! O que cachorros d'agua você está fazendo nesse lugar?? - marcho em sua direção.

- Por que voxe extá assim?? - seu sotaque que geralmente não aparecia, com a ajuda do álcool ficava em evidência. - É festa dos sem calça e ninguém me avisou?? - meus olhos quase caem de seus devidos lugares, sendo levados para baixo quando noto estar de camiseta e calcinha, um grito rompe minha garganta.

Cacete! Eu nem percebi que estava sem nada além da calcinha!

- Não é festa nenhum! E você?? Está achando bonito ficar bêbado a essa hora da noite e deixar a esposa preocupada!?

- EH! - vários gritos de concordância soaram pelo ambiente.

- Max eu estava com xaudades da minha mãe. - ele resmunga baixo, seus olhos vermelhos.

- Eu não sou sua mãe! Sou sua esposa! Me trate como tal, cabra!

- EH! - mais gritos.

- Eu... Eu só quero ir para casa! - noto que ele estava sentado no chão.

- Amor... - um suspiro escapa pelos meus lábios parecendo mais um chiado de chuaua. - Por que está sentado no chão??

- Por que voxe pediu para mim arrumar um lugar para sentar. 

- NAO NO CHAO POHHA! - um grito escapa da minha voz. - Vamos embora!

- EH! - as poucas vozes se faziam fortes.

Amigo Oculto LiterárioOnde histórias criam vida. Descubra agora