Frozen

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Pippa para Duda

Elsa

— Espelho, espelho meu. — Ok, eu sou a Elsa, esse conto não é sobre a Branca de Neve, mas eu comprei um Espelho mágico, veio com dois espelhinhos pequenos de retocar maquiagem e falar com as amigas; eu uso pra falar com crush. Acho o Espelho prático, eu nunca perguntei o que a Rainha Má pergunta se tem alguém mais belo, pra quê? Sempre tem, beleza é algo tão relativo que vai que o Espelho acha outra bonita por aí num mau dia meu e me deixa deprê.
— Pois não, minha rainha?
— Onde está o meu rímel azul que comprei na França no último inverno? — perguntei e o espelho mostrou a bagunça horrível que era o quarto da minha irmã, cheguei a ficar com medo de ir lá procurar, mas fui mesmo assim. Caso eu encontrasse um mendigo ou algo perigoso no meio daquele caos era só congelar.
Anna não parava em casa, depois que eu saí daquela depressão horrível na qual quase a matei abaixo de zero, ela só pensava em curtir a vida. Olaf não era diferente, cismou que quer visitar as praias brasileiras. Como manter um boneco de neve inteiro num país tão tropical como o Brasil? Se você souber me ensina porque aquele boneco teimoso quer ir de qualquer jeito e já disse que se eu não o levar, ele vai sozinho, então vamos.
Achei o meu rímel e não pude acreditar no que vi.
— ANNAAAAAA! — Eu gritei para que minha irmã me ouvisse, cinco minutos depois ela entrou, ofegando.
— Elsa? O que houve?
— Que merda você fez com o meu rímel? — indaguei furiosa.
— Eu posso explicar... — ela disse já correndo, pois eu estava atrás dela a fim de matá-la. — Elsa, calma. Eu usei perto do Sven, quando vi, ele estava mastigando. Desculpa, eu te dou outro...
— Vou trazer o inverno de volta... — eu ameacei e saí. Minha irmã me seguiu suplicando para que eu não fizesse aquilo. Entrei em meu quarto e ela veio atrás.
— Vai viajar?
— Vou. Você vai cuidar de tudo na minha ausência e ninguém vai morrer, ninguém vai guerrear, nenhuma folha de árvore vai cair sem que você saiba, me ouviu?
— Ok, eu posso fazer isso, mas você vai pra onde? Só pra saber mesmo, se preciso ou não ficar com um pouco de inveja...
— Brasil.
— O que? Você não vai fazer isso sem mim, Elsa! Por favor, é meu sonho... — ela choramingou e mostrei o que restou do meu rímel divo a ela e ela se calou. — Que droga! Você vai sozinha?
— Olaf e Merida!
— Olaf? — gritou, admirada e com inveja.
— Sim, ele está me tirando do sério com isso.
— E a Merida, hein? Vocês estão ficando? — perguntou com a cara de safada que sempre fazia quando queria arrancar uma informação minha, relacionado a algum relacionamento meu.
— Não. — respondi colocando um tênis na mala. — Ainda não. — enfatizei sorrindo. Eu estava a fim da Merida há muito tempo, mas ela andava se esquivando de mim, apesar de ter me beijado. Sim, ela me beijou quando esteve na festa da minha coroação. O povo de Arendell ficou todo contra mim, mas Merida, que não estava muito exposta me seguiu e me consolou, me beijando e dizendo o quanto eu era incrível, mas precisou sair correndo logo depois. Nós nos encontramos depois em um campeonato de arco e flecha no qual fui para vê-la e dei um miniespelho mágico pra ela, era por onde nos falávamos todo dia. O mar da Noruega me distanciava dela, que ainda morava na Escócia. Mas isso nunca foi problema.
Merida ficou um pouco reticente quando a chamei para viajar comigo, pensou nos perigos dos outros reinos, avisou que sabia se defender, mas temia pela minha segurança, eu a tranquilizei e avisei que Olaf iria conosco para o Brasil.
Eu sabia que quando dobrasse a esquina Anna faria festas aqui no castelo todo dia, minha irmã é aquela hétero promíscua, não esconde que usa os homens; depois do que o Hans fez, ela não quis mais saber de paixão; os príncipes das regiões próximas já desistiram de pedir a mão dela, pois sabiam que se ela aceitasse seriam traídos a hora que ela quisesse fazer aquilo. Ela gostava do Christopher, mas queria curtir a vida, só tinha 17 anos, estava muito certa.
Deixei inúmeras recomendações para Anna e pedi para Chris ficar de olho nela, ele gostava dela e eu podia confiar. O chamei para morar no castelo, mas ele não quis, não queria que Anna ficasse mal falada por não ter se casado com ele, que pediu algumas vezes e ela disse ‘não’.
Encontrei com a Merida no aeroporto e embarcamos para o Rio de Janeiro. Preciso nem dizer que Merida tentou levar seu arco e que ficou detido no aeroporto, né? Pois é, disse que soube que o Rio de Janeiro era perigoso. Ela é muito linda!
Acostumada a andar apenas de barco e a cavalo, notei que ela ficou com um pouco de medo de voar. Eu, claro, me aproveitei da situação, segurei a mão dela, que apertou a minha mão.
— E os trigêmeos como estão? — perguntei para que aquele medo dela passasse até que o avião se estabilizasse.
— Estão bem, aprontando todas e quase enlouquecendo a minha mãe. — respondeu e me olhou sorrindo. — obrigada, estou bem melhor agora... — eu fiquei feliz em ouvir aquilo.
Chegamos ao Brasil e fomos para um hotel, ar condicionado ligado no máximo e ainda assim a cidade estava querendo nos matar em banho-maria.
— Vou ficar perto do Olaf, não aguento esse calor.
— Acho que ninguém vai se importar se eu diminuir essa temperatura só um pouquinho, né?
— Como aguentam? — Merida perguntou abraçada a Olaf, que sorria feliz. Boneco safado!
Diminuí um pouco e ficou bem quente ainda pra gente, mas suportável. Eu não podia encher o Brasil de neve.
— Vamos sair para comer alguma coisa. — convidei Merida e vi Olaf se preparando para ir junto. — Olaf, você não poderá ir conosco agora. Se o virem assim vão...
— Você deu vida a ele, Elsa. — Merida disse. — Dê forma humana também. Ele quer ir à praia e não veio aqui para ficar dentro do quarto do hotel. — Ela tinha razão, já bastava o coitado ter viajado dentro de uma gaiola como um cachorro; fechei as janelas e transformei Olaf em um garotinho.
— Pronto, um garoto. Você não ficaria dentro do quarto do hotel, mas sairíamos em horários sem movimentação de pessoas.
— Vamos, estou com fome. — Merida chamou e saímos. A cidade tinha uma vida diferente da Noruega e da Escócia. As pessoas não paravam.
— E aí princesas? — Um rapaz bonito nos cumprimentou. Senti a mão de Merida no meu braço.
— Como sabem que somos princesas? — Ela perguntou por entre os dentes enquanto o rapaz oferecia alguma arte que ele vendia.
— Aqui os homens chamam as mulheres bonitas assim. — respondi sorrindo e comprei um boneco feito de madeira para o Olaf. Continuamos andando e uma menina num patins se aproximou pedindo para tirar uma foto conosco.
— Oi, eu sou o Olaf. — Olaf a cumprimentou sorrindo.
— Oi, Olaf. Sua mãe ruiva parece a Anavitória! — Ela disse sorrindo e continuou patinando, fotografando o que via pela frente, acho que era turista também.
Entramos em um restaurante e almoçamos, depois fomos para a praia. Havia poucas pessoas, algumas reclamavam do frio. Que frio, gente? Querem o quê? Turistas como a gente não aguentam 40ºc daqui, não. Ficamos em cadeiras alugadas. Olaf brincava na água. Merida observava tudo e eu a observava. Comecei a passar protetor solar no rosto dela contornando suas sardas, cobrindo com o creme suavemente, ela tirou seus óculos escuros para que eu passasse o creme onde, olhei dentro daqueles olhos verdes e a beijei, tímida e suavemente ela correspondeu.

Amigo Oculto LiterárioOnde histórias criam vida. Descubra agora