De Felipe para Bia
Laura, deitada em sua cama após saber da morte e enterro de seu pai que morava em Santa Catarina. Se sentia sozinha, triste e acabada. O homem que mais a amou acabara de morrer e a jovem não sabia como lidar com tamanha dor.
– Laura, o advogado chegou! – Júnior, um rapaz alto, cabelos negros com alguns fios brancos e seus olhos castanhos claros reluzentes. Somando isso tudo com um corpo atlético poderia até chamar de um famoso Deus Grego. Mas o rapaz é dono de um ego enorme misturada a prepotência, arrogância e esnobismo sem igual.
– Já estou indo amor! – Laura, é uma menina baixa, com cabelos ruivos fartos e vibrantes. Namora Júnior pelo fato dos dois terem crescidos juntos em Santa Catarina, sempre demonstrando sentimentos fortes um pelo outro. Ela não se importava na época, com os defeitos de seu namorado.
– Tá! – O rapaz desce com as mãos no bolso do casaco, se dirige ao advogado que trata da herança deixada de Drº Gonçalves, seu pai, para sua filha Laura. – Ela já está vindo!
– Ótimo! – O advogado abre sua maleta enquanto espera a cliente para ler o testamento que mudará sua vida.
– Estou aqui! – Laura desce as escadas graciosamente, com a mão tampando a frente do vestido verde claro florido, para não mostrar demais. – Podemos começar! – Ela senta de pernas cruzadas no sofá encarando o advogado com um sorriso no rosto, forçado, mas não deixando de ser um sorriso educado como sempre.
O advogado limpa a garganta e começa. – Eu, Francisco Gonçalves de Olenka, deixo esse papel para comprovar minha vontade para com meus parentes após minha partida. Para minha amada Angélica Nunes Brasil de Olenka, deixo 15% de meus bens assim como 20% das ações da indústria Gonçalves Café. Para meu quase filho Roberto Nóbrega de Ávila Júnior, deixo minha casa de Praia Grande e 10% de minha herança. Apenas, se o mesmo casar-se com minha filha.
Para minha pequena e doce Laura Gonçalves de Olenka, deixo 75% de toda minha fortuna, deixo também os 80% que tenho dentro de minha empresa e o mais importante, uma carta!Laura não liga para dinheiro, nunca ligou. Com 18 anos saiu de casa após as brigas intensas com Angélica sua madrasta, uma mulher ambiciosa e grosseira. A menina sempre soube se virar sozinha, trabalhou como garçonete, babá, faxineira e frentista em posto de gasolina. Agora com seu pai morto não seria diferente, em sua cabeça nunca pensou no dinheiro e sim no amor que sentia pelo pai. Que se fora.
– Que carta? – A jovem levantou a cabeça após ouvir toda a leitura do testamento em silêncio, sendo despertada apenas com a palavra carta, a única coisa que realmente importou no momento.
O advogado entregou a carta. – Essa carta foi escrita pelo seu pai, lacrada e guardada nos cofres da empresa. Era uma ordem para que você apenas tivesse acesso quando ele partisse. Bem, deixarei vocês sozinhos, em breve volta a procurar vossa Senhoria. Passar bem. – O homem levantou a saiu andando do apartamento de Júnior, na cobertura de um dos mais luxuosos de São Paulo.
– Então, o que tem nessa carta? – Júnior sentou-se ao lado de Laura e a analisou curiosamente.
– Não sei, mas, prefiro ler sozinha. Acho que o que tem aqui deve ser importante demais para ser lido em voz alta sem saber o seu conteúdo! – Laura olhou o namorado que por um segundo pensou em recusar.
No fundo Júnior tinha medo do conteúdo dessa carta, algo poderia ser dito que mudaria o curso de como as coisas fluíam. Para o jovem, o dinheiro importava e ele sabia que para Laura, qualquer uma de suas atitudes repentinas, colocariam tudo a perder. – Tá!
Laura esperou que o namorado saísse do apartamento para que, vagarosamente, abrisse a carta e revelasse o conteúdo da mesma.
"Meu amor, se você estás a ler esta carta, significa que eu já não estou entre os vivos. É difícil para mim ter que conta-la, mas, sabia que precisava disso para descansar em paz. Em vida sem dúvidas não teria coragem de olhar em seus lindos olhos e dizer, portanto, esperei que morresse para contar-te toda a verdade.
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Amigo Oculto Literário
Short StorySorteio entre amigos do grupo do Whatsapp ajudando escritores, em que cada participante recebe em sigilo o nome de outro a quem deve presentear com uma one shot.