One shot de Duda para Caren
O sol começava a surgir no horizonte, e a pequena Yacy já estava longe da sua aldeia. Estava próxima ao rio, que separava a área indígena da cidade grande.
Estava ali com um único propósito: precisava fabricar mais flechas, e na aldeia não conseguiria.
Seu cabelo negro e liso davam destaque aos seus olhos âmbar. Seu rosto estava pintado, na extensão dos olhos em um tom vermelho. Acima da sobrancelha direita três pontos vermelhos. E no queixo havia uma lista vertical. Sempre vermelho. A garota sempre pintava seu rosto de vermelho.
Seu avô, o cacique da tribo, dizia que tudo era por conta do seu destino. A garota lembrava demais sua avó. E todos acreditavam que era por isso que Yacy era a predestinada.
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_ A lua estava cheia no céu, quando a tribo Kaiowá, os chamados de povo da floresta, celebravam a vida que estava por vir. Janaina estava preparando chás, quando a criatura surgiu. A pelagem era um degrade de cinza à branco, e os olhos vermelhos. Chegou devagar, pela parte de trás da aldeia onde a mulher do cacique estava sozinha, ela gritou quando ouviu a aproximação. Mas, em um único golpe o lobo estava a mordendo. Os dentes atravessaram em cheio seu pescoço. Quando os índios da aldeia chegaram só encontraram o rastro de sangue.
No mesmo instante do grito de Janaina, outro grito pode ser ouvido. Thaynara, a estrela iluminada, filha de Janaina deu a luz. Uma menina. O choro da criança pode ser ouvido de longe. Os guerreiros da tribo, que haviam ido de encontro a criatura que havia levado a mais velha, perderam o rastro, por consequência da chuva.
Yacy estava viva. Ela honraria a memória de sua avó, morta pelo lobo. E, de sua mãe, que faleceu horas depois do parto. A chuva ficou intensa, e a lua foi apagada pelas nuvens carregadas. Os raios e trovões se perdiam no meio do choro da menina. Contudo, a única coisa que importava naquele instante, é que ela estava viva._
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Sua bolsa, feita de palha, estava lotada de flechas. Pela altura do sol, já devia ser pra lá das 9 horas. Ela precisava ir à cidade. Precisava rastrear mais pistas e para isso, precisa se comunicar com os "homens brancos".
Voltou para aldeia e encontrou seu avô. Hoje, era a noite do luau. O luau acontecia sempre em lua minguante. Desde o primeiro ataque, naquela lua cheia, todos estavam expressamente proibidos de saírem em noites assim. Esse luau seria diferente, pois homens brancos iriam participar. Isso era devido a um acordo feito para a educação das crianças da aldeia.
Yacy gostava do fato de ter essa convivência. Quem sabe eles não conseguissem um acordo com os híbridos. Quem sabe, convivendo com os homens brancos, encontrar o híbrido fosse mais fácil. Ela queria acreditar que sim, queria crer que encontraria o lobo facilmente, e que eles firmariam um acordo. Mas, bem no fundo, ela sabia que uma batalha iria acontecer.
- Precisamos preparar a comida. Você pode nos ajudar? - Nina encarou Yacy. - Precisamos de frutas.
A garota olhou as crianças brincando de roda.
- Deixa que eu pego. Depois vou até a cidade encontrar com eles. - a garota pegou alguns cestos - Crianças, quem quer ir colher frutas comigo?
Cacique Raoni, ao ver a cena, sentiu-se orgulhoso da sua neta.
A Índia seguiu floresta a dentro com todas as crianças da tribo. Logo que chegaram em uma macieira ela pegou as cestas, e entregou as crianças. Subiu a na árvore frutífera, e colheu algumas, largando dentro do cestos com os pequenos.
Ao descer da árvore a sensação de estar sendo observada tomou conta de si. Ela estava com o arco e flecha nas costas, mas precisava salvar as crianças, caso o que ela temia acontecesse.
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Amigo Oculto Literário
Short StorySorteio entre amigos do grupo do Whatsapp ajudando escritores, em que cada participante recebe em sigilo o nome de outro a quem deve presentear com uma one shot.