Um dia de azar

11 1 3
                                    

One de Bia para Laís

    A entrevista estava marcada para as oito da manhã no dia seguinte, então ele se preparou. Deixou a roupa separada e o despertador no horário certo. Dormiu de banho tomado e perfumado, mas levantaria as sete para se arrumar melhor. Seu primeiro emprego! Um sonho! Tinha que dar tudo certo, e depois de verificar tudo para o dia seguinte foi dormir com a superstição da mãe em mente. Deve-se acordar com pé direito para dar sorte. Então Leandro confiante, caiu nos braços de Morfeu imediatamente.

    O sonho da noite foi estranho, ele apertava a mão da recém-patroa fechando o emprego que começaria na segunda, mas estava vestido de palhaço. Despertou rápido quando no sonho a flor esguichou água no rosto dela. No salto da cama, colocou o pé esquerdo no chão sem perceber e bateu a cabeça na escada, porque o pai trocava a lâmpada de seu quarto. O galo começou a se anunciar e o despertador tocou. Foi até ele e viu que havia marcado a hora errada, o relógio marcava oito da manha, hora da entrevista.

    Rápido pegou a roupa e que bom que havia tomado banho no dia anterior, então era só trocar a roupa. Leandro não ouviu as desculpas do pai, mas estranhou esse estar em casa aquela hora. Mesmo assim, foi para a cozinha e pegou uma xícara de café, que derramou na camisa social branca. Xingando até quem colheu o café na fazenda, vou ao quarto para trocar e camisa, mas tropeçou no próprio sapato e deu de rosto no chão. A dor insuportável não o faria desistir, mesmo atrasado iria a entrevista, e imploraria para ter uma chance na empresa, afirmaria que seria pontual nos dias que se seguissem.

    Depois de trocar roupa, Leandro saiu de casa com o gelo no nariz e chegou ao ponto de ônibus mais suado do que se houvesse corrido uma maratona. Deu sinal para o ônibus que levaria ao seu destino e sentou-se com os fones no ouvido. Em algum momento do percurso olhou pela janela e estranhou o caminho. Levantou rápido do banco e perguntou ao trocador que onde era aquele, foi informado que não era ônibus para o centro da cidade, antes de ir ao centro, o motorista passaria em outra cidade. Ele havia pego ônibus fazendo o percurso errado. Desde rápido do ônibus e teve se arriscar atravessando a pista movimentada, quase foi atropelado e chegando do outro lado, percebeu que a passarela estava ao lado. Olhou o relógio e pulso e xingou a si mesmo. Uma hora atrasado, seu primeiro emprego estava fugindo pelos dedos.

    Pegou o ônibus certo dessa vez, esse sim o levaria aos centro da cidade, mas para a sua sorte começou a chover e infelizmente os carros comuns não tem pneus de chuva iguais ao de fórmula um e o trânsito parou. Leandro não sabia mais a quem mal dizer, então agradeceu quando voltaram a andar, não esperava a freada brusca que o fez bater a testa no banco da frente. O gelo do nariz havia derretido a um tempo e agora acumulara dois galos na cabeça. Respirou fundo e desceu um ponto antes do que deveria, não aguentaria mais ficar naquele coletivo com o motorista barbeiro.

    Caminhou rápido, o perfume havia evaporado ha um tempo e o suor já estava exalando. Dez horas já mas ele não desistiria. Não sabia o porque de tantas pessoas na rua naquela chuva ou naquela hora, imaginaria que elas estivesse no horário de trabalho. Foi com esse pensamento que um carro passou em cima de uma poça, o molhando completamente de água da fossa. Agora além do suor estava fedendo a…

    enfim chegou ao prédio onde seria sua entrevista e se deparou com a porta fechada. Mais palavrões passaram por sua cabeça, mas já estava ali, não voltaria sem a sua entrevista. Interfonou e nem o porteiro atendeu. Decepcionado ele foi para uma lanchonete ao lado e viu as pessoas se afastarem pelo mal cheiro. Pediu um lanche, mas não hora de pagar, percebeu que havia perdido a carteira. Desistiu por fim, não havia mais o que fazer.

    Saiu da lanchonete para não incomodar as pessoas com o mau cheiro e recebeu moedas de transeuntes caridosos. Uma senhora de aproximou e lhe ofereceu um banho, já que ela morava ali perto. Ai ele desabou, chorou contando toda a sua trajetória para a senhora simpática e que sorria tentando esconder. Leandro teve raiva de ser a graça da situação e quando ele ia xingá-la, ela levantou a mão e disse:

    —Esse prédio só funciona em horário comercial e hoje é feriado. - ela não aguentou e gargalhou de verdade, estendeu o dinheiro para a passagem de volta para dele. - Sua entrevista é amanhã, comigo. Não se atrase.

    Piscando o deixou onde estava, sentado na calçada e rindo de si mesmo. Seria melhor dormir ali, para não passar pelo que aconteceu no dia. Porem foi para casa e tomou o devido banho. Depois de xingar a sua quinta geração e percebeu no final do dia, que apenas tivera um dia de azar.

    Leandro trabalha no almoxarifado da empresa da senhora simpática porque sua entrevista fora um sucesso.

Amigo Oculto LiterárioOnde histórias criam vida. Descubra agora