SADIE - Consolo entregue por coturnos

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SADIE

Realmente não sou boa com palavras em momentos como esse. E acho que podem me perdoar quanto a isso. Claro que briguei como tal Ninazu depois que Walt/Anúbis desmaiaram. Tinha que ter uma opção melhor. Sim, era bom que ao menos uma opção possível me fazia ainda poder ter Anúbis, mas queria que Walt ficasse vivo também. Sou egoísta por querer os dois?

Eu soluçava e as lágrimas já pingavam do meu rosto há algum tempo quando Anúbis se levantou do chão em sua forma de chacal. Até então eu não havia notado isso, apenas continuei chorando sobre o corpo de Walt.

- Sadie... – disse Carter levemente dando uma fungada (provavelmente chorando também) e então botando a mão em meu ombro.

Não sei quanto tempo fiquei ali, ignorando tudo que acontecia ao meu redor. Apenas queria chorar até me acabar.

Em certo ponto, notei que provavelmente Walt não gostaria de me ver daquele jeito. Foi difícil e envolveu vários soluços, mas consegui respirar fundo para me afastar do corpo dele e apenas ficar ali ao lado, sentada, olhando enquanto as lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto. Tinha a leve sensação de que tanto meu irmão, quanto Anúbis me olhavam preocupados embora estivessem eles mesmos também em sua forma de luto. Respirei fundo novamente e poucos segundos depois senti o focinho de Anúbis em minha bochecha. Meio estranho isso, afinal ele estava na forma de chacal. Fazia um bom tempo que eu não a via.

- V-Voc-cê e-está b... D-de v-volta a-ao n-normal? – perguntei entre soluços.

Ele acenou com a cabeça enquanto me olhava com aqueles olhos da cor de chocolate com uma expressão preocupada. Pergunto-me agora se ele conseguia falar daquela forma, mas me pareceu que naquele momento ele tentava silenciosamente pensar em algo para dizer meio que provavelmente sabendo que perguntar "Você está bem?" seria algo estúpido. Naquela hora, a única coisa que consegui fazer foi abraçar ele forte.

A partir de então, tudo ficou meio confuso de se lembrar. Tenho a leve memória que Ninazu, Anúbis e Carter conversaram depois de uns segundos, mas eu não lembro bem o que falaram. Quando voltei a dar por mim de novo, Anúbis estava em sua forma humana que eu tanto conhecia. Ele se ajoelhou ao meu lado e passou a mão delicadamente em minha bochecha limpando a trilha que uma lágrima formara. Acho que ele falou algo, mas não me lembro. Anúbis me pegou no colo carinhosamente e eu o abracei com força. Creio que alguém deve ter aberto um portal, pois um apareceu em nossa frente e então estávamos em nossa casa do Brooklyn.

Desde então, tenho estado no meu quarto. Não sei exatamente quantos dias se passaram. Talvez deva contar pelas vezes que Carter tentou me dar algo para comer? Não que eu tenha tentado tocar na comida alguma vez. Acho que eu posso dizer que o único avanço que tive foi que cansei do silêncio que reinava naquela casa e principalmente naquele quarto e acabei botando toda a minha playlist da Adele para tocar no aleatório. Naquele momento, eu fitava o vazio da parede de meu quarto ao som de "When we were Young". A música já estava no fim quando eu ouvi passos no corredor, o barulho dos coturnos era bem característico uma vez que eu mesma os usava com frequência. Assim, sabia quem era. Anúbis. Ele já havia vindo algumas vezes tentando falar comigo, mas nunca respondi a batida na porta e ele tão pouco tinha tentado simplesmente entrar no meu quarto (o que imagino que seria algo bem simples considerando que ele pode aparecer praticamente onde quiser... claro... desde que tenha os tais pré-requisitos de lugar de morte ou luto. Mas acho que tem outros lugares mais... divinos... ou mágicos... que também permitem isso). Poucos segundos depois, ouvi a batida na porta de meu quarto.

Mordi meu lábio perguntando-me se dessa vez mudaria a minha resposta (ou a falta dela).

- Pode entrar – respondi de forma monótona e então eu o ouvi abrindo a porta aparentemente de forma cautelosa. Eu estava de costas para porta, mas meus ouvidos seguiram seus passos pelo meu quarto e o barulho e movimento da cama mexendo quando ele se sentou ao meu lado.

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