MAGNUS - Verão raiz e Verão Nutella

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MAGNUS

Apesar de ter o bananão guardado no meu bolso, optamos por usar o barco de Carter. Talvez tenha rolado uma certa vergonha com a cor chamativa do bananão por parte da Alex e especialmente do Blitzen quando tivemos que decidir qual dos dois barcos usar. Assim, deixamos para trás a praia de Tuxpan e seguimos cortando o Golfo do México ao meio em direção à Tulum.

O barco podia até ser rápido, mas o Golfo do México não era exatamente pequenininho. Por isso, tive a sensação de que demorou mais do que parecia ter demorado para finalmente começar a ver um pouco de terra de novo. Durante todo esse tempo, além de conversar com os demais, também fiquei olhando para a água do mar que era de um tom azul tão belo e cristalino que parecia ridículo meu pai, Frey, ter o título de Deus do Verão num lugar tão gelado como onde fica os países Nórdicos. O mar e as praias ali eram tão lindas que o conceito de Verão podia facilmente ter nascido ali e todo o resto não passava de uma imitação barata. Aquilo sim era Verão de verdade.

- Você cozinha todo dia para todo mundo por lá? - dizia Zia ali perto enquanto conversava com Victoria - Não dá muito trabalho?

- Ah, nem todo dia eu cozinho por lá, mas é a maioria dos dias sim. A gente fica se revezando mas ainda meio que sou a líder da cozinha. - disse Victoria.

- Sua comida estava mesmo deliciosa. - disse Blitzen traduzindo a fala de Hearthstone.

- Obrigada! - disse Victoria abrindo um sorriso e então encarando o chão do barco - Cozinhar me relaxa, sabe? Eu sempre fui muito brigona e estressada. Já fui expulsa de algumas escolar por ter arrumado briga com vários meninos.

- E você ganhava? - perguntou Mestiço curioso.

- Geralmente sim... - respondeu Victoria coçando a nuca sem graça.

Ao meu lado, Alex se espreguiçava e então se apoiava na amurada do navio de costas enquanto, com os olhos fechados e um leve sorriso no rosto, deixava o vento bater em seu rosto. Talvez isso tenha atraído minha atenção demais, pois fiquei encarando-a por alguns segundos até que ela abriu os olhos e olhou para mim.

- Que é? - perguntou ela.

- Nada. - respondi sem graça desviando o olhar e voltando a fitar a água cristalina.

- Se não fosse a batalha iminente, quase dava para parecer que estávamos num cruzeiro né? - disse Alex.

- Se alguém me contasse que eu iria estar agora passeando de barco por aqui, eu iria chamar a pessoa de doida. - admiti bem lembrando de como qualquer coisa longe de Boston ou que se parecesse ao menos remotamente com umas férias bem caras eram algo completamente fora da realidade anos atrás quando eu ainda morava nas ruas.

Aquele cruzamento estava sem dúvida demorando mais do que eu imaginava enquanto as praias de areias branquinhas e águas cristalinas passavam ao nosso lado. Uma olhada no Google Maps de Alex com o GPS ligado ao menos dizia que estávamos perto de Tulum.

O fato de várias turistas estarem na praia aproveitando o calor e tudo mais fazia com que aquilo parecesse mesmo cada vez menos como uma missão. Contudo, eles logo foram sumindo quando as palmeiras e as demais árvores da costa foram dando lugar para enormes pedras e antigas construções de pedra que ficavam na beirada de barrancos que paravam na praia.

- Tulum? - perguntei olhando para Victoria.

- Tulum. - confirmou ela com o olhar sério - Não era para estar tão vazio assim. Sempre foi cheio de turistas também.

Quando todos preparavam já suas armas e o barco vencia os metros finais até a praia, pudemos ver o lugar mais de perto. Certamente eu poderia ver Tulum como um ímã para turistas, especialmente depois que eu vi as latinhas e demais lixos amontoados perto de uma pedra, provas de que realmente muita gente passava por ali sem ligar muito pela beleza do lugar. Mas eu tinha certeza que os dois jovens descendo com dificuldade e pressa pelo barranco pedregoso não fazia parte das atrações turísticas.

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