MAGNUS - Cada um com sua especialidade

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MAGNUS

Sabe uma coisa difícil de se fazer quando seus poderes envolvem principalmente cura e quando sua espada sai voando por aí? Derrotar uma cobra de pedra. Bem, felizmente a cabeça de uma das cobras havia sido explodida por Carter antes de ele subir para ajudar Zia. E felizmente Jacques tinha me ajudado o suficiente com a cobra restante a ponto de deixar ela banguela e meio desorientada, mas ela ainda estava insistindo em tentar me matar.

Os ataques dela já estavam bem meia boca. Desviar não era mais um problema, mesmo estando sem espada. E claro, o fato de que ela estava grudada no chão estava sendo mais útil ainda agora. Antes ela conseguia se esticar mais para me atingir... agora nem tanto. Eu ainda estava pensando exatamente o que fazer, já que dar um soco numa cobra de PEDRA não parecia uma opção muito inteligente, quando Carter caiu vários degraus ficando mais perto de mim do que da luta que acontecia no topo do templo. Foi aí que eu me toquei que eu não necessariamente precisava derrotar a cobra. Claro, ela me impedia de subir os degraus até o topo mas... tendo Carter caído ao lado dos degraus principais, nos desníveis do templo, eu precisava mesmo ir para o topo?

Eu simplesmente decidi que não. Dei as costas para minha adversária e corri até Carter. Isso significou que eu tive que escalar dois desníveis da pirâmide. Nem um pouco fácil considerando o quanto era inclinado e alto. Tive que agradecer os treinamentos que recebíamos em Valhalla por ter conseguido a proeza de subir os dois degraus por mais que tivesse ralado minhas mãos um pouco ao quase cair no final deles. Precisava de muita força nas pernas fazer aquilo. Os monstros no chão gritando provavelmente achando desonroso eu deixar meu adversário para trás me desconcentravam um pouco, então os ignorei.

Um pouco ofegante, cheguei até Carter. Ainda bem que nenhum monstro do chão quis interromper e todos os que estavam ali estavam devidamente ocupado em suas lutas.

Ajoelhado do lado de Carter, eu consegui sentir sua vida ficando mais fraca e cada vez mais em perigo. Sentia o veneno da picada feia em seu pescoço se espalhando por todo seu corpo e também senti várias torções e umas fraturas, provavelmente decorrente da queda. Meus dedos ficaram mais quentes e começaram a brilhar quando me concentrei em mandar minha força para ele curando seus ferimentos.

Um lado ruim de quando eu curo as pessoas, é que acabo entrando na cabeça delas e vendo memórias ou pensamentos. Uma baita invasão de privacidade, claro. O céu da memória em questão estava cinzento como se não conseguisse decidir se ia chover ou não. Pra deixar tudo mais macabro ainda, percebi que estava em um cemitério. Logo ao meu lado reconheci um mini-Carter e uma mini-Sadie. Eles deviam ter uns 8 e 6 anos mais ou menos e estavam vestidos completamente de preto assim como os demais que se aglomeravam ao redor de um túmulo cheio de flores.

A mini-Sadie chorava sentada na grama escondendo seu rosto em seus braços e mini-Carter, apesar do olhar assombrado e de tristeza com lágrimas se acumulando nos olhos, sentou do lado da irmã e abraçou ela com um dos braços. Era difícil saber qual estava com o emocional mais quebrado.

A cena triste acabou me fazendo lembrar da minha mãe e de quando eu estava em um papel parecido ao deles. Isso é, até eu notar que tinha uma briguinha rolando logo ao lado.

- É sua culpa. - dizia entredentes e soluçando uma senhora com sotaque britânico e o rosto cheio de lágrimas - Arrastou nossa filha para essas loucuras mágicas!

O alvo da culpa, de acordo a tal senhora, era um homem que parecia ser a versão mais velha de Carter. Julgo então que deve ser o pai deles. O homem não disse nada diante da acusação, apenas abaixou a cabeça.

- Tudo teria continuado bem se ela tivesse simplesmente continuado dando aula na universidade! - reclamou um senhor que estava tentando amparar a senhora que estava com os joelhos tremendo.

Os Deuses da MitologiaOnde histórias criam vida. Descubra agora