BLITZEN - Cidade que vale uma fortuna

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BLITZEN

Eu imaginava que minha primeira reclamação seria a demora para finalmente chegar a minha vez de contar o que aconteceu, mas tenho que dar preferência agora para minhas reclamações com essa droga de sol forte. A combinação do sol com o calor do clima certamente fazia minhas roupas ficarem bem claustrofóbicas e quentes por mais que eu tivesse preparado elas para serem fresquinhas enquanto me protegiam totalmente do sol. Acho que eu subestimei o sol mexicano.

Aparentemente, a base dos maias era basicamente alguma vila no meio da floresta que, embora ficasse no caminho entre Chichén Itzá e Tulum, ficava mais perto de Tulum. Preocupados com a situação em que encontramos os amigos maias de Victoria, Daniela e Fernando, concordamos em deixar eles descansando no navio. Isso deu muita briga, pois concordamos que seria bom deixar alguém com eles em caso de acontecer alguma coisa. Ninguém realmente quis ficar para trás. Uns queriam vingança, outros queriam lutar, eu só queria ficar por perto e de olho nos outros, principalmente no Hearth e no Magnus.

Tiramos na sorte e o escolhido para ficar para trás foi Mestiço. Óbviamente ele reclamou, especialmente porque algumas pessoas nem participaram desse sorteio já que seriam muito importantes na luta contra Quetzalcóatl e seja lá mais quem estivesse do lado dele. Por exemplo, Victoria e Zia. Victoria porque ela era basicamente nossa guia e Zia por ser a com mais afinidade com fogo.

Seguimos então para dentro da floresta seguindo uma pequena trilha de terra batida montados em bicicletas para aumentar a nossa velocidade embora, segundo Victoria, a distância fosse caminhável. Conseguimos, felizmente, alugar bicicleta para todos. Eu só esperava que a gente fosse conseguir devolver as bicicletas depois. O interessante foi que, por motivos que envolviam falta de habilidades com bicicletas, Zia também foi na garupa do Carter.

- Não é tão frequente assim encontrar alguém que não sabe andar de bicicleta. - comentou Alex.

- Assim que essa confusão acabar vou botar na lista de problemas que resolverei. - comentou Zia.

- O que será que encontraremos lá em... como é o nome mesmo? - questionou Magnus.

- Ojer kanoq ochoch. - disse Victoria - Significa "antiga casa".

- Isso não é espanhol de jeito nenhum. - comentei.

- Não. - disse Victoria - É K'iche.

- K'iche? - perguntou Magnus.

- É o idioma falado pelos povos maias. - explicou Carter um pouco vermelho provavelmente por causa dos braços de Zia se segurando nele- Ainda é falado inclusive acho, até onde eu sei.

- Oh... não é todo mundo que sabe isso sem eu ter que explicar. - disse Victoria olhando para Carter com o canto do olho com certa surpresa que eu e Alex imitamos.

- Meu pai era egiptólogo. - explicou Carter - Tá, por mais que o foco dele fosse o Egito, não dá pra evitar aprender um pouco sobre outros povos também.

Era com certeza meio deprimente não conseguir conversar com Hearth durante o trajeto. Talvez eu tenha me distraído um pouco com isso, pois quase caí quando Alex, que estava logo a minha frente, bruscamente freiou a bicicleta.

- Porque paramos? Já chegamos? - perguntei.

Olhei para Magnus logo ao meu lado e vi ele descer com pressa da bicicleta deixando ela cair no chão indo atrás de Victoria que também saía de sua bicicleta com o rosto totalmente sem cor. Eu desci da bicicleta ao mesmo tempo que Alex descia da dela e finalmente vi qual era o motivo da expressão fechada que surgia no rosto de todos. Ali, jogado entre arbustos, estava o corpo de alguém.

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