THALIA - Preferencialmente garotas

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THALIA

Da próxima vez que alguém ousar me zoar por ter medo de altura, eu vou com certeza lembrar dessa droga de vôo! Meu coração praticamente despencou quando o avião começou a inclinar. Segurei forte na minha lança, não era hora de desespero, era hora de manter a calma e definir um plano de ação.

Deixei o tal de Zababa para Kowalski e tentei atravessar o labirinto de pernas e cadeiras do avião para chegar perto de Tlaloc tentando não perder o equilíbrio. Felizmente, eu tinha uma lança na mão. Assim, eu lancei-a e ela atravessou o deus pouco acima de seu peito mas abaixo do ombro.

- Alguém tem que cuidar do avião! - gritei enquanto tirava minhas adagas para lutar, bem mais práticas nessa falta de espaço em que estávamos.

- Os pilotos estão provavelmente dormindo! - gritou Kowalski no meio de sua luta - Droga! Esqueci desse mero detalhe.

- E-Eu... Eu consigo... - disse Sam engolindo em seco e segurando seu machado com firmeza aproveitando o breve segundo em que Tlaloc tentava quebrar minha lança que estava presa em si para facilitar a luta.

- O avião?! - exclamei surpresa.

- É! - disse Sam - Cuida do Tlaloc!

- Com prazer. - respondi.

- Ah não vai não! - respondeu o deus asteca.

Tlaloc tentou avançar para Sam de novo, mas eu não deixei. Mesmo com meu estômago se revirando e o equilíbrio não tão bom já que o avião não estava reto, eu avancei para o deus. Iniciamos uma batalha rápida onde, além de armas mais convencionais, como minhas adagas, relâmpagos também acompanhavam. Ele obviamente não tomava o menor cuidado com o perigo de acertar os passageiros do avião, então eu ainda tinha que me preocupar em proteger aqueles pobres mortais. Embora eu tivesse essa preocupação a mais, ele também tinha como preocupação a mais o pedaço de minha lança que estava preso em seu corpo. Não sei como funciona todo o processo de cura de um deus asteca mas, se tem uma coisa que eu sei, é que tirar uma coisa daquele tamanho só vai piorar tudo pois irá começar uma hemorragia.

Entre golpes e mais golpes, era possível ver a atenção de Tlaloc desviando-se para Sam que, num piscar de olhos, se transformou num pequeno beija flor e passou voando por cima da cadeira dos passageiros em direção a cabine do piloto. A distância que Sam criou fez Tlaloc resmungar de raiva e eu aproveitei essa breve distração dele para dar um forte chute em sua barriga. O deus cambaleou para trás alcançando um espaço que, graças às saídas de emergência e aos assentos com mais espaço, criava um ambiente de luta muito melhor.

Senti o avião se ajeitando lentamente, mas tentei ignorar e acreditar que estava lutando na minha querida terra firme. Eu não tive dó de Tlaloc, golpeei com toda a minha agilidade, usando bem mais do que minhas adagas. Trovões, chutes, fintas, tudo que meu corpo me comandava para fazer. Até que, com uma adaga fincada em sua barriga e um chute alto bem dado na lateral do rosto, o deus caiu no chão. Ambos estávamos ofegantes, mas ele ainda tinha o bônus de da sua boca estar pingando sangue.

- Acho que posso dizer que ganhei, não? - perguntei.

- Não ache que vai terminar assim tão fácil, cria de Zeus - ele disse.

- Aceito um prolongamento se ele incluir a informação de o que queriam aqui. - perguntei.

Com um sorriso um tanto tenebroso, já que seus dentes extremamente brancos estavam sujos de sangue, Tlaloc falou apenas uma palavra:

- Não.

Para minha eterna irritação, ele simplesmente sumiu depois dessa pequena palavra deixando minha adaga e o resto da minha lança caírem no chão. O covarde fugiu em meio a raios e trovões como se fosse um relâmpago cuja cena da queda foi rebobinada. Tentei esconder e controlar a minha irritação e me virei para checar a luta que acontecia entre Kowalski e Zababa. Não tive que olhar por muito tempo para notar que Kowalski estava em desvantagem. Os cortes em seu braço, perna e rosto indicavam bem isso. Um choque forte bem direcionado foi tudo o que precisei para quebrar o padrão de ataques de Zababa e então permitir que Kowalski desse o golpe que colocou Zababa de joelhos.

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