NICO - Buon Natale?

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NICO

Acho que se for contar quantos Natais já tive desde que nasci, provavelmente não dá pra falar que a maioria deles foi feliz. Quando era pequeno tudo era mais simples. Quando eu passava os Natais em Veneza com minha mãe e minha irmã Bianca sem saber nada dessas coisas de deuses gregos além do fato de que eram só mitologia ou no máximo personagens que apareciam nas cartas de mitomagia. Mas, claro, aí tudo teve que ir por água abaixo porque a Segunda Guerra Mundial começou, então tivemos que sair da Itália. Aí veio Estados Unidos e... É... Tudo piorou bastante. Realmente não estou com o mínimo humor de fazer um flashback tristonho pra simplesmente fazer um resumo da minha vida até o dia de hoje. Depois de tantos baixos e altos e mais baixos, acho que posso finalmente dizer que as coisas estavam melhorando. Quer dizer, já tinha completado mais de 1 ano namorando o Will e.... É... Acho que posso dizer que estou feliz embora eu vez ou outra invoque um zumbi "sem querer" para poder arranjar uma desculpa de ficar na mesa dos filhos de Apolo ao invés da solitária mesa dos filhos de Hades no Acampamento Meio Sangue.

Will é filho de Apolo e de uma cantora do Texas. Quando Apolo resolveu levar um pé na bunda de Zeus que o expulsou do Olimpo, eu pude conhecê-lo. Quer dizer, já havia o encontrado antes disso, mas nunca como "pai do meu namorado". Talvez pelo descaso de alguns deuses com os filhos ou pela razoável fama de 'mulherengo' ou... 'homenrengo?' de Apolo, eu nem me preocupei muito com encontro. Até porque Apolo estava numa situação estranha, era agora um mortal com o nome ridículo de Lester Papadopoulos. Mas devo admitir (e não contem pro Will, embora provavelmente ele tenha notado) que fiquei BEM preocupado e ansioso quando ele falou em conhecer a mãe dele no Natal.

- Minha mãe disse que vai vir passar o Natal em Nova Iorque – disse ele um dia no café da manhã no acampamento – Podemos ir passar com ela e aí ela te conhece que tal?

Eu quase botei meu suco de laranja pra fora ao ouvir aquilo.

- Me conhecer? – repeti como se não tivesse acreditado em meus ouvidos – tem certeza disso?

- Claro. Porque não? – perguntou Will me olhando cheio de esperança.

- N-Não teria sido melhor você ter ido pro Texas ao invés de ela vir ate Nova Iorque? Não é como se hotéis fossem baratos por Nova Iorque nessa época do ano. – eu disse

- Bem... Foi o que ela sugeriu antes. – disse ele – mas então eu mencionei que meu namorado consegue ser um imã para problemas por ser um filho de Hades, então seria talvez melhor ela vir até mais pertinho.

Eu realmente não acreditei no que ele disse. Ele praticamente forçou a mãe dele a gastar uma boa graninha a mais só pra me conhecer?

- V-Você disse isso? E ela topou? – perguntei incrédulo.

- Claro. Na hora. Ela tá doida pra te conhecer. – ele disse.

- E ela sabe que... Que eu... Sou... Seu namoradO e não namoradA? – eu perguntei encarando o copo de suco enfatizando o "o" e o "a".

- Claro que sabe. Deixa dessas nóias de anos 30. Tudo quanto a isso é bem mais de boa hoje em dia. – ele respondeu.

- Aham. Tá. Fala isso pra esse Trump ai. – respondi.

- Tá... Tem umas exceções. – disse ele dando de ombros – E então?

Eu demorei uns segundos mais considerando a proposta, mas eventualmente suspirei e acabei topando.

E é por isso que agora eu estava aqui em Nova Iorque encarando a recepção de um hotel simples, mas aconchegante.

- Tem certeza que isso foi uma boa ideia? – perguntei nervoso botando as mãos no bolso da jaqueta.

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