CARTER - De papiros à gritos

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CARTER

Eu me sentava em minha cama, cabisbaixo e com o telefone na mão. Encarava as não sei quantas ligações não atendidas e mensagens não visualizadas que tentava enviar para tio Amós. A situação toda me preocupava. Não queria deixar todos sozinhos por tempo demais para ir até o Egito descobrir se estava tudo bem. Mal tínhamos nos superado do ataque à nossa casa e também à morte de Walt. Não queria ter que deixar os iniciados, minha irmã e Zia sozinhos. Mas ser Faraó da casa da vida tinha lá suas escolhas difíceis, e como o primeiro Nomo não respondia....

- Nada ainda? – perguntou Zia ao entrar no meu quarto e se ajoelhando sobre a cama atrás de mim.

- Nada... – respondi-lhe enquanto suas mãos logo passavam pelos meu ombros massageando-os e, como consequência, me deixando todo corado.

- Você está todo tenso. E não sem motivo. O que pensa em fazer? – disse Zia enquanto eu tinha plena ciência de quão perto ela estava e de suas mãos massageando o meu ombro. Sentia o cheiro de seu cabelo recém-lavado, o cheiro de perfume com o aroma de alguma flor (provavelmente) que eu não sabia identificar. A presença dela estava com certeza me atrapalhado um pouco os pensamentos.

- A-Agora que as coisas parecem mais estáveis por aqui, pensei em deixar a casa aos cuidados de você e de Sadie e pegar algum portal até o Egito para ver se está tudo bem por lá – expliquei enquanto ela continua a massagem e eu tentava ignorar o quão vermelho meu rosto estava – Will e Nico estão aqui também. Espero que consiga pedir para eles ficarem um pouco mais. Ao menos tempo o suficiente para eu ir e voltar.

- Isso se a situação lá não exigir que fique mais tempo... – disse Zia expressando uma das preocupações que eu também considerava.

Eu me virei para olhar para Zia e notei que a mesma preocupação estava estampada em seu olhar. Zia sentou-se sobre a cama e eu segurei-lhe a mão e fiquei olhando as mãos dela enquanto falava.

- Você ficaria aqui e protegeria tudo junto com a minha irmã? – perguntei. Aquela situação me fazia lembrar de Apófis, só que tudo muito pior.

- Preferiria ir com você, mas sim, fico – disse Zia.

- Seria uma boa chance para você e Sadie voltarem a se dar bem – sugeri e olhei bem a tempo de ver ela revirando os olhos.

- Ah, não entre nesse assunto de novo. Não agora, por favor. O momento estava ficando legal.

- Desculpe – disse com um suspiro e então me levantando para sair do quarto. Mas não sem antes dar um beijo no topo de sua cabeça.

Eu abri a porta do quarto para ir em direção ao portal mais próximo, ou talvez usasse a Agulha de Cleópatra para aproveitar e ver se algo mudara por lá. Havia ido algumas vezes depois da escola, mas ela permanecia com a aparência inalterada como se nada tivesse acontecido. Foi quando abri a porta que ouvi os passos pesados e apressados de Cléo e o grito que ela deu ao encontrar minha irmã.

- SADIE! CHAME TODOS! TEMOS UM PROBLEMÃO! – gritou Cléo.

Qualquer coisa que até então estava em minha mente se apagou e eu e Zia corremos para onde Cléo estava.

- O que aconteceu?! – Will perguntou ao correr atrás de Sadie junto com Nico.

Cléo se virou e começou a correr em direção à biblioteca enquanto explicava apressadamente a situação.

- Tenho arrumado a biblioteca desde o ataque checando se todos os livros ainda estão lá! – explicava ela – Achei que ele estivesse se perdido no meio da bagunça, mas já chequei em todos os lugares e usei até magia para procurar!

Os Deuses da MitologiaOnde histórias criam vida. Descubra agora