SAM
Acho que é normal às vezes estranhar o comportamento das pessoas com quem você convive. Isso era exatamente o que eu estava sentindo no momento com relação aos meus avós. Eles, do nada, decidiram que janeiro era uma época boa para viajar para a Turquia. Turquia! Não é como se eu estivesse falando de ir até New Jersey e comprar algum bolo gostoso na Carlos Bakery. Não, eu estava falando de cruzar todo um oceano e ir até onde o continente europeu e o asiático se encontravam.
Como se esse comportamento por si só já não fosse estranho, eles conseguiram convencer o pai de Amir, Abdel, de que Amir também deveria ir. Visto que meus avós pareciam determinados com a ideia, não consegui convencer eles do contrário. Claro, viajar é legal, mas eu estava preocupada com a escola e tudo mais.
Deixamos Boston de avião uns dias atrás, fizemos uma conexão em Frankfurt e aproveitamos para conhecer um pouquinho da Alemanha no tempo que dava, e então descemos para Istambul. Passamos uns dias lá e então fomos de carro até a cidade de Amasra. Consigo ver que ela seria uma cidade bem bonita, quase tropical apesar da localidade, aposto que era um destino turístico atrativo no verão. Mas o problema, era que estávamos no meio do inverno. A temperatura não conseguia ficar mais quente do que 9ºC. Apesar do frio, era uma cidade bonita. As casinhas com telhado cor de barro se amontoavam aproveitando o relevo da cidade que parecia se desmembrar em direção ao Mar Negro. Num dos pontos da cidade, havia um castelo de aparência bem antiga. O castelo era modesto. Muitos outros na Europa eram, com certeza, mais chamativos do que ele. Um passeio pelo Google poderia provar isso. Mas ele fazia a cidade ficar mais charmosa e me fazia perguntar qual seria a história daquele lugar. Era desse castelo que eu e Amir admirávamos a vista do Mar Negro e da cidade.
- Ainda acho incrível que seus pais tenham inventado essa viagem e, além disso, deixado à gente passear pela cidade sozinhos – comentou Amir.
- Também. – respondi enquanto pensava sobre isso. Às vezes, eu tinha a sensação de que havia algo mais por trás disso. Essa minha suspeita se devia ao fato de que, algumas vezes, meus avós pareciam em transe.
- Mas pelo menos até que está sendo uma viagem legal até agora – disse Amir – Não é sempre que passeamos assim.
- Não... – eu disse. Constrangida, virei levemente o rosto não querendo mostrar que minhas bochechas tinham corado fortemente.
Acho que eu não estava conseguindo fazer meu coração lidar bem com a situação. De fato, raramente meus avós deixavam eu e Amir sem alguma supervisão. Como diria o Magnus, eles têm medo que façamos algo errado, como segurar as mãos.
- Talvez quando você virar pilota nós possamos fazer outras viagens do tipo – sugeriu ele. O que me fez olhar surpresa para ele com a ideia – É. Já pensou? Você faz um voo para algum lugar legal. Tipo... Atenas... Aí podemos ficar lá. Dizem que as ilhas gregas são bem bonitas.
- Aí é que meus avós não deixariam mesmo – eu disse dando uma leve risada.
- Pode ser para depois que casarmos – ele disse levemente corado e dando de ombros exibindo um sorriso gentil no rosto enquanto olhava para o horizonte. A frase me fez corar ainda mais e me encolher tentando usar o hijab para esconder meu rosto totalmente avermelhado.
Deixei aquelas palavras entrarem em mim e então serem digeridas enquanto eu tentava, lentamente, fazer com que minhas bochechas voltassem à cor normal delas. Eu mantinha a cabeça baixa com um sorriso bobo em meu rosto, quando a voz de Amir chegou a meus ouvidos novamente só que, dessa vez, com um tom surpreso e preocupado.
- S-Sam... O-o que é aquilo?
Eu levantei o olhar e vi três mulheres de quase 3 metros envoltas em longos vestidos brancos de pé onde as águas do Mar Negro encontravam a areia. Ela usava um capuz e seu rosto era completamente branco, incluindo seus olhos, sua pele era como neve esculpida. Atrás delas, um nevoeiro se formava. Elas olharam para nós dois e, com uma voz ressoante que penetrou em minha cabeça, elas falaram:
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Os Deuses da Mitologia
ФанфикCONTINUAÇÃO DOS LIVROS DO RICK RIORDAN. E se os egípcios, gregos, romanos e nórdicos do mundo do Rick Riordan se vissem em um problema enorme que acabaria por ter que obrigar todos a, não só se conhecerem, como também terem que enfrentar uma situaçã...