Eu vi todo o sacrifício que fiz se desmoronar por uma adrenalina que diz-se está na veia, na pseudo-vida que ele acha que é dependente
Essa dependência que já nos fez sofrer
Sofri, chorei mas recuperei
Batalhei, suei, fiz renascer...
Não aceito meno...
PASSAGEM DE TEMPO 1 mês — Me jogue aos lobos que voltarei liderando a matilha!
NARRAÇÃO: Leonel
Tava tranquilão na favela de fora, aonde eu estou comandando a porra toda, aonde quem manda sou eu! Por mais que acham que a minha escolha tenha sido errada, para mim possa ser que não! Massageia meu ego em saber que sou eu quem dito as coordenadas e não preciso respeitar decisão de ninguém no meu terreno porque quem manda sou eu. Só queria esquecer um pouco a parte em que eu penso em tudo que vivi, mas é impossível e é a nossa história, hoje é o passado que um dia já foi o presente e o futuro que tramaram para mim... Tentei me segurar o máximo, mas foi em vão e acabei me entregando novamente ao o que eu sempre gostei de fazer; traficar, comandar; adrenalina, tensão, lógica, poder, tudo isso é a conjunção da minha vida e sem isso acho falta mais que a metade de mim. Nasci pra isso e, se for da vontade do criador, eu vou morrer disso.
Eram 21h e pouca e rolava um pagode dia de sexta-feira e eu estava bebendo uma cerveja e trocando uma ideia com alguns parceiros que eu já conhecia da antiga, observava cada movimentação dali, a contenção, as novinhas que passavam focando em nós... Falar em novinha, tinha me esquecido como era isso de ver essas mina jogar na cara de bandido, exclusivamente chefe, elas gostam muito! Parece que elas fazem uma seleção dos mais fortes e põe na lista, mal sabem elas que a gente faz o mesmo para usufruir das mais delicias, as que ainda não estão tão em decadência...é engraçado...melhor nem ser falado, deixa baixo!
Amanhã tem meu baile o primeiro baile que eu estou promovendo após ter pego a frente da favela, quero que dê no que falar! Quero levantar a favela e ter bons lucros, melhoria principalmente pra mim. Minha segurança já estava pronta para partir pra favela que eu sou cria e que atualmente moro e que também já tem preço meu. Ainda que não saibam que eu estou de frente de uma comunidade, eu não quero correr o risco de ficar em outras favelas sem segurança, os cara são ardiloso e para tramar uma pra tu é mole, não tem essa de amizade não, que cresceu junto, que fortaleceu no passado não... Se eles são espertos, tu tem que ser mais esperto que eles! Mas na maciota.
Uma garota lançou um olhar para mim mesmo eu estando dentro do carro e ainda sorriu, com um menor no colo. Gata até, magrinha de rostinho angelical bem diferenciada das mina dessa favela aqui, ela passou e virou a rua sumindo da minha vista. Mandei logo um dos meus seguranças pegar o número dela. — Já consegui chefão, anota aí no teu. -Disse, me entregou o rádio dele com o número no visor- Mônique. Só disquei o número e pus um "M" pra lembrar.
Bloco partiu pra casa atrás de mim na contenção pesada e eu tranquilão no meu carro, com um som que a gente gosta.
"Vivo no limite sempre Sei que você não entende O quanto é difícil viver dez anos a frente..."
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