165° Capítulo

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Narração: Lidiane

Saí do fórum após receber uma ligação do Lincoln, dizendo que o Leonel estaria num hospital e que era grave. A bala cantou essa madrugada e eu só saí porque eu me arrisquei mesmo e tive coragem porque a favela estava toda cercada, fo tão tenso que a principal da penha fora da favela está vazia, pouco transitada.
Tanto que eu falei, pedi, implorei...e agora ele está lá no hospital, sabe se lá com o quê...

Ahh, meu irmão...eu nem sei se tenho sustento para qualquer resposta que vier daqueles médicos, fora que ele vai ficar em custódia com certeza. Assim que cheguei logo localizei ele e que nem tinha sido atendido ainda, ele falava descompassado, de dá dó, implorava para não ser preso...
Lidiane: Calma, eu vou te levar daqui.

Dei meus pulos e saí com ele e Lincoln, pedi a ambulância que me ajudasse, mas antes chorei no dinheiro, me deixaram num hospital particular no Méier. Logo que entramos ele foi atendido e eu fiquei fazendo a ficha, chorei no dinheiro para os enfermeiros manter sigilo e assim a gente vai vivendo, pagando alto por silêncio...
Eu consegui localizar dois tiros nele e a perna estava muito feia, estava ficando preta foi o que mais me preocupou, escurecia rapidamente e aquilo não me cheirava bem... Só quero que meu Léo, saia dessa situação não nos deixe porque eu não vou aguentar...

Queria que tudo isso fosse mentira sabe, nada dessa realidade fosse verdade, que não passasse de um pesadelo... Eu não aguento mais chorar pelo Leonel, que só faz coisas erradas e mesmo assim não muda, não ver que não dá pra ele, que tudo isso é ilusão, é desgraça total na vida dele. Será que não vai aprender nunca? Será que só com o pior ele vai acordar? Eu não consigo entender...

1 dia depois

Veio um médico falar comigo e pediu para que eu o acompanhasse. Quando olhei o meu irmão e desabei e comecei a chorar desesperadamente... Por que?
Que angústia, que tristeza!!!
Quando eu o vi naquele estado eu não aguentava ficar mais nenhum segundo ali. Assim que saí da sala fui conversar com o médico.
— Não teve outro jeito a não ser amputar a perna esquerda do paciente Leonel, foram nove horas de cirurgia e a forma de salvar a vida dele foi essa. Ele teve princípios de parada respiratória... O quadro dele foi complicado. —Explicou, algumas coisas mais.

Eu saí dali arrasada, desamparada e com uma dor que não cabia em mim.
Mais uma vez ele sendo cobrado pela vida, dessa vez perdendo parte do seu corpo. Eu não tenho forças para nada mais, acabou meu chão, ainda mais em saber que ele entrou em coma reduzido.

Por que eles quem aprontam é a família é quem paga? Eu não vou suportar, principalmente quando ele acordar e ver o que aconteceu com ele.
Que angústia, o que minha família passa eu não desejo pra ninguém.

Submissos -Amor e Tráfico  💚🔫💑 CONCLUÍDA!Onde histórias criam vida. Descubra agora