pág 154

32 2 0
                                    


atrás da Base guerrilheira. Tinha de desaparecer. Sem Medo voltaria a Dolisie ocupar o seu
posto e preparar a logística da operação. Entretanto, os civis regressariam a Dolisie e tentava-se
enviar mais guerrilheiros para a zona.
Sem Medo e o Comissário despediram-se com um frio aperto de mão.
Eu, O Narrador, Sou O Chefe De Operações.
Mais uma vez Sem Medo provou ser um grande comandante. Mais uma chapada no
orgulho do Comissário, que já se tomava pelo melhor. Esse Comissário é um miado, quer opor-
se à toa ao Comandante, e acaba por cair no ridículo.
Os guerrilheiros perceberam e admiraram Sem Medo. Os guerrilheiros, na reunião,
elogiaram o Comandante pela rapidez com que atuou e pela coragem que deu aos próprios
civis. Elogio justo. Eu próprio apoiei. Ele é assim: quando há que defender um camarada,
esquece tudo e atira-se para a frente.
E aquela gargalhada? O Comissário não percebeu, mas os guerrilheiros que vieram no
reforço perceberam e apoiaram. Não é mesmo de rir que uma surucucu tenha provocado tudo
isso? Claro que o Comissário não gostou, ele teve culpa do que aconteceu, não soube decidir
rápido. Mas o fato levou a uma grande mobilização e Sem Medo soube aproveitá-la e apoiá-la.
Ele falou de maneira que todos sentiram que se comportaram como heróis. Quem não gosta de
ser considerado herói?
Hoje, Sem Medo ganhou o apoio dos guerrilheiros da Base e dos de Dolisie. Não se fala
de outra coisa, só se fala do Comandante. Esqueceram que ele é kikongo, só veem que ele é um
grande Comandante.
Se todos assim pensam, sobretudo o Chefe do Depósito que já é um mais velho, talvez
então seja verdade. Começo a pensar que fomos injustos para ele.
É um intelectual. O Povo só o compreende, quando ele se explica pela ação. E de que
maneira se explicou, sukua!

mayombe (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora