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— Inútil – disse o Comandante. – Deixem-me aqui. Morrerei no Mayombe. Não
combaterei na Huíla, é pena! João...
— Sim.
A voz de Sem Medo era cada vez mais fraca e o Comissário precisava quase encostar o
ouvido à boca dele para perceber.
— A Ondina grama-te. Tenta reconquistá-la. São feitos um para o outro.
— Não fales. Não fales, é pior. Dói muito?
— Suporta-se.
João apertava a mão do Comandante.
— Peço-te perdão, Sem Medo. Não te compreendi, fui um imbecil. E quis igualar o
inigualável.
Sem Medo sacudiu a cabeça.
— Coragem gratuita!... Só... – O Comissário não respondeu.
Passados momentos, Sem Medo apertou a mão do outro.
— João.
— Que é, Comandante?
— O mecânico, lembras-te? Que apanhámos...
— Sim.
— Está em Dolisie... Veio para nós...
— Vou vê-lo. Não fales agora.
— Não faz mal... Olha! A classe operária adere à luta... Já vencemos...
— Sim, Sem Medo. Mas não fales, por favor.
O Comandante obedeceu. Apertava só a mão do Comissário.
O grupo dos morteiros chegou. Todos rodeavam o corpo de Sem Medo. Foi então que
começou o fogo do quartel do Sanga. Os tugas enviavam morteiros para o Pau Caído. O Sanga
não estava longe, o sítio era bem conhecido do inimigo, os morteiros caíam com precisão sobre
o acampamento.
Os guerrilheiros agitavam-se.
— Temos de sair daqui – disse um. – Eles estão a mandar para o Pau Caído, porque
pensam que estamos ainda lá. Depois vão mandar mais para aqui, a perseguir.
— Isso matava o Comandante – disse Pangu-Akitina. – Ele não pode sair daqui.
Uma brisa ligeira levantou-se e farrapos brancos de flores de mafumeira caíram
docemente.
— Neve no Mayombe? – perguntou Sem Medo.

mayombe (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora