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— Porquê?
— Porque o podes fazer e tens de ganhar experiência. Na prática, trocaremos os nossos
papéis. De acordo?
— Se assim o queres – disse o Comissário.
Olharam-se em silêncio. Sem Medo procurava manter uma atitude natural, o Comissário
destilava hostilidade.
— É inútil parecermos dois galos enfrentando-se – disse Sem Medo.
O outro encolheu os ombros.
— Como queiras! – disse Sem Medo.
E voltou à Base, a AKA poisada sobre o ombro forte, seguido pelo Comissário, magro
mas musculado.
O Comando traçou o plano de ataque, baseado sobre dois morteiros e bazukas, seguido
dum grupo de assalto. O Pau Caído ficava ao lado dum morro acessível, no qual se podiam
instalar os morteiros. O grupo de assalto ficaria no único sítio possível de fuga para o inimigo,
isto é, exatamente do lado oposto ao morro dos morteiros. As cinco bazukas ficariam de lado,
para destruírem as trincheiras que os tugas tinham feito. O objetivo da operação era liquidar o
inimigo, obrigá-lo a abandonar o Pau Caído. O efetivo tuga era de uma companhia.
— Podemos aniquilá-los – disse Sem Medo.
— Se os morteiros caem em cima de nós? – perguntou o Comissário
— Impossível – disse Muata, o chefe da bateria de morteiros. – Estaremos muito perto
e do morro o acampamento vê-se bem. É impossível errar um só obus. Vão todos cair bem no
meio do acampamento.
— Os morteiros darão o sinal e a seguir as bazukas trabalharão – disse Sem Medo. –
Entretanto, o grupo de assalto progride.
— As responsabilidades? – perguntou o Chefe de Operações.
— O Muata comandará a artilharia, dez homens. Tu comandarás o grupo de bazukas,
onze homens, os cinco bazukeiros, cinco municiadores e tu. O Comissário comandará o grupo
de assalto, trinta homens.
— E o camarada Comandante?
— Eu estarei no grupo de assalto, mas o Comissário comandará.
Partiriam no dia seguinte. Alguns civis ajudariam a levar os morteiros, os outros
voltariam a Dolisie. Três pioneiros também iam, para municiar os morteiros. É preciso que os
pioneiros estejam em contato com a guerra, dissera Sem Medo.
O ataque seria de madrugada.
Eu, O Narrador, Sou Lutamos.

mayombe (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora