Puseram os corpos do Comandante e de Lutamos no buraco e taparam-nos. O
Comissário não falou, como lhe competia. Não haveria oração fúnebre. Ekuikui chorava
silenciosamente. Verdade também.
O Chefe de Operações disse:
— Lutamos, que era cabinda, morreu para salvar um kimbundo. Sem Medo, que era
kikongo, morreu para salvar um kimbundo. É uma grande lição para nós, camaradas.
Milagre, o bazukeiro, suspirou e disse:
— Foi um grande Comandante! E Lutamos um bom combatente!
Afastou-se uns passos dos outros e lançou um obus de bazuka que foi estoirar no tronco
duma amoreira, a cem metros deles. Os guerrilheiros imitaram e as AKAs e Pépéchás cantaram,
em última homenagem.
As flores de mafumeira caíam sobre a campa, docemente, misturadas às folhas verdes
das árvores. Dentro de dias, o lugar seria irreconhecível. O Mayombe recuperaria o que os
homens ousaram tirar-lhe.
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mayombe (Completo)
RomanceA história do livro tem como cenário Angola nos anos 70, período que marca as lutas pela independência do país. No primeiro capítulo intitulado "A Missão", os guerrilheiros no Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) chegam à selva de Mayomb...