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Lá em Quibaxe, eu já era homem e casado, quando começou a guerra. Camponês sem
terra, trabalhava na roça dum colono. Entrei na guerra, sabendo que tudo o que fizesse para
acabar com a exploração era correto. E tudo fiz. Mas não foi tão rápido como se imaginava. Os
traidores impediram a luta de crescer. Traidores de todos os lados. É mentira dizer que são os
kikongos ou os kimbundos ou os umbandos ou os mulatos que são os traidores. Eu vi-os de
todas as línguas e cores. Eu vi os nossos próprios patrícios que tinham roças quererem
aproveitar para aumentar as raças. E alguns colaboraram com a Pide.
Por isso, Sem Medo tem razão. Por isso não durmo, para que haja justiça. Ingratidão
cometeu um crime contra o Povo e quem o ajudou a fugir cometeu também. É justo serem
castigados.
Já sou velho, já vi muita coisa. As palavras têm valor, o povo acredita nas palavras como
deuses. Mas aprendi que as palavras só valem quando correspondem ao que se faz na prática.
Sem Medo fala como age. É um homem sincero. Que me interessa a língua que falaram
os seus antepassados?
Ele está sozinho aqui, em Dolisie. Rodeado de inimigos ou, pelo menos, de pessoas que
não o compreendem. Os guerrilheiros apreciam-no como Comandante, mas desconfiam dele
porque é kikongo. Eu aprecio-o e não desconfio dele.
Por isso fico acordado.
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mayombe (Completo)
RomanceA história do livro tem como cenário Angola nos anos 70, período que marca as lutas pela independência do país. No primeiro capítulo intitulado "A Missão", os guerrilheiros no Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) chegam à selva de Mayomb...