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Tava quase chegando no ponto e veio uma moto, diminuiu e ficou me seguindo. Passei a andar mais rápido e a moto continuava atrás de mim, comecei a rezar meu Pai Nosso, e fui interrompida.

— Colfoi. — a moto parou. — Deixa eu falar contigo, po.

— Oi. — virei meio receosa e era o cara da festa. Coração deu aquela acalmada, né?

— Tu não vai no baile não, po? — saiu da moto e veio na minha direção. — Satisfação, Gustavo, mas chama de Jacaré. — pegou na minha mão e deu um beijo nela.

— Ah, satisfação. Sou a Manuela. - sorri sem graça. - Até queria, mas minha amiga meteu o pé e eu não conheço ninguém po.

— Me conhece agora, po. - sorriu. E que sorriso hein, puta merda.

— Conheço nada, to te vendo agora. - dei de ombros.

— Colfoi, pra que essa marra toda?

— Sem marra, só verdade. Agora, deixa eu ir, se não a velha fica puta.

— Que isso, po. Sobe aí, te levo.

— Ta achando mesmo? Vou nada. Obrigada. - dei as costas e ele ficou por lá.

Tu queria ir pro baile? Queria. Tu queria subir na garupa do bofe e pegar uma carona? Queria. Tu ficou imaginando uma noite com o bofe? Ficou. Mas fez o quê? Jogou. E eu sou assim, às vezes me dou bem, já em outras fico sem o boy e com a carência, mas tem que pagar pra ver.

Esses bofes tem todas as mulheres que eles querem e eu não sou todo mundo, comigo é diferente, o buraco é bem mais embaixo. Minha casa, minhas regras.

Paguei o menino do mototáxi, e entrei em casa, 2h da manhã e minha mãe dormindo no sofá, cheguei na ponta do pé, mas até parece.

— Hm... Cadê Rafaella, hein? - falou sonolenta.

— Ficou por lá. - tirei os sapatos e ia pro meu quarto.

— Vou trancar aqui, então. Ela vem?

— Sei lá, mãe. Se vier ela me acorda e eu abro.

— Vocês acham que aqui é a casa da mãe Joana? Não é não, hein. Gosto de horário. - bufou.

— Chata pra caralho. - sussurrei indo pro quarto.

Lavei o rosto, troquei uma roupa, dei uma conferida nas redes, nada de bom, nem um bofe pra fechar a noite, mas é isso. Tem dia que tem 10, tem dia que nem meio, fazer o quê. Larguei o celular e apaguei.

Acordei com o celular tocando 6h, era a piranha da Rafaella, querendo que eu abrisse a porta. Levantei meio tonta e abri pra ela, chegou com o sapato na mãe e o cabelo amarrado num coque, se a minha mãe vir um negócio desses, vai falar uma semana direto.

—  Eu tô apaixonada. - ela disse deitando no canto da minha cama.

— Troca pelo menos uma roupa pra dormir comigo, peste. - deitei na beirada.

— Eu tomei banho, garota. - deu de ombros. - Deixa eu contar o quanto ele fode bem?

— Não quero saber. - botei as mãos na orelha. - Eu fiquei na merda, nem um beijinho, po.

— Problema seu, po. - rimos. - Deixa eu contar, amiga. To em êxtase, nas alturas, que isso. O oral dele...

— Cala a boca, Rafaella Cristina. Vai dormir! - virei de costas pra ela e me cobri.

— Aí não, Rafaella Cristina é sacanagem. Vou até dormir... — virou pro outro lado. Ela odiava quando eu a achava pelo seu nome composto.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora