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Dei soco na cara, na costela, puxei cabelo mermo, só de mão fechada, sem pena. E só parei mesmo quando o Rogério me agarrou pela cintura, junto com o Renan, porque não tinha conseguido sozinho.

— Irmã, toma essa água aqui. — Rafa me oferecia água, enquanto eu tentava levantar.

— Água é o caralho. Eu quero matar essa filha da puta.

— Calma, po. Já fez o que tinha que ser feito. — me deu a água e eu tomei um gole com a mão tremendo. — E bateu direitinho, hein. - riu.

Eu me acalmei sentada no sofá e depois de um tempo o Renan voltou.

— Caralho, cunha. Tu é braba, hein. — deu risada e balançou a cabeça negativamente. — Tentei livrar tua barra lá, mas vai ter que conversar com o cara, né?

— Mas ela não fez nada. — Rafaella interrompeu.

— Tenho medo de ninguém não, po. Vou lá sim... — falei simples.

— E o Rogério? — Rafa perguntou, eu tinha até esquecido.

— Tá esperando nós lá, po. — Renan disse, indo pra varanda.

Levantei, fui no banheiro e tomei uma ducha rapidinha, botei uma roupa normal, voltei pra sala e de lá, fomos pra loja falar com o cara. Kelly tava arrebentada sentada e o Rogério em pé, numa porta trocando ideia tranquilamente com um dos caras.

— Mandou me chamar?

— Aham. Manuela né? — me olhou de cima a baixo.

— Aham. — falei seca, detesto essas conversinhas.

— Rogério e Renan já me passaram a planta, mas fala você.

— Não é novidade pra ninguém nesse morro que eu odeio ela, né? Que a mãe dela fez a minha perder meu irmão. E que depois, não tem muito tempo, as duas fizeram ela passar vergonha na venda. Deixei morrer, mas não esqueci. Agora, ela foi gritar no meu portão que eu era piranha e me mandou tomar no cu. Aproveitei a deixa e ensinei a ela que ninguém mexe comigo e fica impune não. Vocês me conhecem não é de hoje, nunca briguei, sempre separo. E é isso. Não bati nela por causa do Rogério, ele é o menor dos problemas.

— Ele disse também. Já disse pra ela que não quero que vocês se olhem na rua, que quem partir pra cima da outra, vai perder. Teu pai não ia gostar disso e tu tá ligada né?

— Meu pai não ia gostar de muita coisa, mas por mim tá de boa. Favor que você faz não me deixar olhar pra ela. — falei e virei as costas, já estava saindo da loja, quando ele disse mais alguma coisa.

— Tu é muito marrenta mermo. Cuidado!

— Já posso ir? — virei novamente pra ele.

— Entendeu? — dei joia e saí.

Renan veio atrás de mim e Rogério ficou por lá, se eu perguntei o motivo? Claro que não. Ele sabe do problema dele.

No dia seguinte, ou melhor: mais tarde, no mesmo dia. Fiz meu almoço,  Rafaella foi pro trabalho e o Rogério não apareceu o dia inteiro, e eu fiquei bem deitada, vendo minha série na Netflix. Levantei e fui dar um jeito na casa, botei a música alta e foda-se.

Deixei a casa um brinco, do jeito que eu gosto. Mamãe ligou no meio disso, e disse que soube da coça, me deu um esporrinho básico, mas agradeceu e riu no final. Ah, essa minha mãe, cara!!

Tomei um banho daqueles, vesti uma lingerie nova e sentei na cama. Meu telefone tocou.

📲 Piranha Mór 📲

Irmã, vamos dar um role fora da favela hoje?

Ah mana, queria ficar em casa.

Ah para, po. Vamos, Renan tá de bom humor.

Querem ir pra onde?

Tem Mr Dan, Gaab e Rodriguinho no BM.

Ai você brinca com meu coração, né?

Então, eu sabia que você não ia negar. 22h eu pego você aí, hein. Te amo!

Te amo também. Até mais.

📲 FIM DA LIGAÇÃO 📲

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora