Fui até meus filhos e me acabei em lágrima ao ser recebida cheia de beijos e abraços.
— Vocês desculpam a mamãe? — falei agachada, enquanto eles me abraçavam, ou melhor, se penduravam em mim.
— De que, "main"? — Nanda perguntou.
— De "bigá" com o papai, num é? — Nathan falou.
— Mas ele "guitou", Than. — ela disse simples.
— Eu amo vocês mais que tudo nessa vida, tá? Mamãe faz tudo por vocês e o papai também. Não fiquem tristes com ele, nem com a vovó, nem comigo. Nós amamos vocês!
— Tá, "manhê". Te amo "tamém". — Nathan falou.
— Eu "tamém", grandão. — dessa vez, foi a Nanda. — Agora, a gente pode ir pra casa da vovó tirar um sono? Tô cansada.
— Sim, vocês podem. — respondi rindo e enxugando as lágrimas. Eu não mereço esses meus mini-adultos.
Voltamos pro salão mesmo, pedi desculpa aos donos, eles super entenderam, afinal, são crias daqui também, então, sabe como é o proceder.
Minha mãe foi com as crianças no carro com Jordão, Renan voltou pra buscar Rafaela, eu e Angélica ficamos pra adiantar o pessoal da limpeza, mesmo os donos falando que não precisava. Eu hein, não consigo deixar bagunça pros outros, não é de mim.
— Tá preparada pra viver uma aventura comigo hoje? — falei pra Angel.
— Desde que você apareceu na minha vida, eu só vivo aventuras, Manu. Mas são todas boas... — eu ria. — Todas não, mas a maioria. Mas essa é qual?
— Isso! — balancei a chave da moto pra ela. — Rolé de de CB 500 no favelão.
— Puta que pariu, Manu! Tu sabe pilotar isso?
— Confia na mãe e só vem.
Eu não tinha muita prática no pilote, mas na época que eu namorava o Kid, volta e meia eu tava no toque das motos dele. E acho que não desaprendi.
Antes de ir pra casa, dei um rolé de cria pela favela mesmo, Rogério quer fazer gracinha, e eu quero que ele surte. Foda-se! Pra melhorar, ainda parei em frente ao bar mais cheio da favela e fui com a Angel pegar uma caixa de cracudinha.
Chegando em casa, o meu carro já estava lá e o Henrique encostado no mesmo, olhando o movimento.
— Cês tão maneirinha, né? — deu risada. — Trazendo caixa de cracuda na moto do pai, dando rolézin de cria. — pegou o celular e nos mostrou um áudio, enquanto descíamos da moto.
⏯️ "Coé pai, tua mulher tá brabona no pilote, dando rolézin de cria na comunidade, hein. E qual é da mina que tá com ela, tua cunhada? Cadê os contato?"
— Esse ai é o mano Esqueleto, Angel. Tá interessado em tu... — ele falou cheio de intimidade, enquanto pegava a caixa da mão dela, a Angélica toda tímida e eu rindo a beça.
— Dou rolé de cria mesmo, gastar uma gasolina e a saliva do povo. — dei risada e fui entrando, vendo meu celular. — Aqui, minha mãe falou pra eu me desestressar, que é pra buscar as crianças só amanhã, porque já estão de banho tomado, cansadas, dormindo a beça.
— Eu já sabia que ela ia falar isso. — Angélica falou.
— Mas não foge do assunto não, irmã. Fala com Henrique aí, dá seu papo pro Esqueleto. — eu botava muita pilha mesmo, Angélica era muito tímida.
Fomos pra parte de trás da minha casa, onde tinha uma churrasqueira, um freezer, fogão a lenha, enfim... Minha mãe já tinha passado lá e deixado um monte de coisa. Essa velha é sinistra.
— Bota em qual freezer, Manuela? — Henrique falou comigo.
— Pode ser no vertical mesmo, acho que gela mais rápido.
— Ele só te chama de Manuela, né? — Angel falou baixinho comigo, enquanto entrávamos na cozinha.
— Uhum. E eu fico molhadinha... — rimos juntas.
Peguei as coisas que minha mãe tinha deixado lá no balcão e guardei o que tinha pra guardar, separei o do Henrique, e mandei um áudio pra minha mãe, perguntando se ela tinha levado o dela e o da Angel. Ela só reagiu ao meu áudio com um joinha, tá muito tecnológica essa velha.
Eu tinha separado alguns (muitos salgados) pra trazer pra casa, então, botei pra rolo e começamos a comer, enquanto tomávamos umas cervejas que já estavam geladas.
Ficamos conversando a beça, e eu toda hora falando sobre o bofe com a Angélica e ela nada, sempre desconversando, tímida. Até que mandei uma mensagem pro Henrique e falei pra ele mandar o moleque vir, vai que assim, as coisas não fluem.
Em menos de 20 minutos, ele chegou e trouxe mais cerveja. O menino era lindinho, tá? Magrinho, bigodinho, brinquinho singelo, várias tatuagens, maneirinho a beça. Quando deu de cara com a Angel, ficou nervosão também e eu só rindo.
Nossa noite foi muito tranquila, de verdade. E eu tava precisando muito de um tempinho assim, depois de tudo que rolou hoje.
Eu e o Novo não temos nada assumidamente, mas a favela toda sabe e fala. Nós não fazemos questão alguma de esconder que ficamos, afinal, não devemos nada pra ninguém.
Eu converso muito com a Amanda e com a Geovana, as irmãs dele, que sempre falam que ele nunca levou mulher lá na casa deles, nunca apresentou ninguém pra família e que nem burburinho de favela tinha, de mulher brigando por causa dele, essas coisas. Eu ouvi um amém? Ouvi mermo!
Porque aqui, também nunca ouvi falar e se ele tem outra pessoa ou outras, tem que esconder muito bem, e elas tem que ser muito dixavadas, coisa que aqui é raro, ainda mais se tratando de mavambo, que elas fazem questão de contar pra Deus e o mundo. Então, como eu não tenho nada a perder, eu deixo rolar.
Ele me trata como se eu fosse uma deusa, me exalta em tudo, compartilha minhas coisas da loja, sempre que alguém manda algo do meu trabalho pra ele, ele tira print e me encaminha, enfim... Igual agora, to aqui sentada, com as pernas em cima das pernas dele, enquanto ele me faz uma massagem. Ai ai...
ANGÉLICA
ESQUELETO
META
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DONA DE MIM 💋
Ficção Adolescente(2017/2022) ⚠️ PLÁGIO É CRIME! ⚠️ Minha vida nunca foi exemplo, e nem quero que seja. Saio a hora que quero e volto a hora que acho que devo. Nunca dei satisfações pra ninguém além da minha mãe, e nem pretendo dar. Você acha que tá ruim? Eu só lame...