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MANUELA

Acordei cedinho e botei as crianças pra escola e no caminho de volta pra casa, mandei mensagem na Rafa pra ver se conseguia algum horário pra fazer as unhas. Por sorte, consegui o último do dia.

Como não tinha programado nada pro dia de hoje, resolvi aproveitar o tempo vago e descer pra conter as coisas pro aniversário das crianças, que é no mês que vem. Então, dei meia-volta com o carro e desci pra pista.

Passei o dia todo andando em Madureira, comprei tudo que se possa imaginar. Já garanti toda a parte de bebidas, os doces dos saquinhos, coisas pras lembrancinhas, enfim... Amo ser organizada.

Voltei pra casa e, enquanto descarregava o carro, uma moto parou atrás do meu carro. Adivinhem quem era?

— Posso falar contigo?

— Já tá falando. Qual o assunto?

— Quero conversar maneiro com você, po. Pedir desculpas.

— Ah, não to afim não. Volta outra hora.

— Qual foi, Manu. Para de show! — virei pra ele ao ouvir isso.

— Sou eu quem faço show, Rogério? — gargalhei de forma forçada. — Me poupe, né? Deixa eu agir minha vida, to sem tempo pra suas historinhas. — abaixei pra pegar um pack de refrigerante.

— Deixa eu te ajudar. — se aproximou de mim e eu dei um passo pra trás. — Qual foi? Isso é pra festa das crianças? — fiz que sim com a cabeça. — E tu pagou tudo? Não me pediu dinheiro por quê?

— Porque não preciso dele, ué. — dei de ombros e saí com o pack, levando pra porta da cozinha.

Quando estava voltando, vi que ele pegou dois e também estava levando pra lá. Dei de ombros, não vou negar ajuda, porque sei que sozinha ficaria 3 dias pra descarregar o carro.

Ficamos em silêncio o tempo todo. Ele me ajudou a descarregar todos os refrigerantes, águas e as caixas com doces.

— Isso aqui vai lá pra dentro? — falou apontando a caixa com as coisas da lembrancinha e dos doces.

— Vai sim, mas pode deixar que eu levo.

— Eu te ajudo, po.

— Não quero você dentro da minha casa. Eu não entro na sua... — falei seca e comecei a pegar uma das caixas.

— Não entra porque não quer, já te chamei pra ir lá várias vezes...

— E todas as vezes eu disse não. Não tenho porra nenhuma pra fazer lá e nem você pra fazer aqui...

— Tô te ajudando, po. Para com isso!

Entrei com a caixa que segurava e fui levando pro quartinho, assim que a deixei no chão, escutei os passos dele vindo atrás.

— Invasão de domicílio e os caralhos. — falei e segui pra varanda.

Não ia adiantar eu ficar discutindo com ele sobre isso, então, deixei ele ajudar e assim que terminamos, ele lançou uma que eu fiquei incrédula.

— Não vai me oferecer uma água? Um chá?

— Cara, você é doente? Acha que eu peguei meu amor próprio e enfiei no mesmo buraco que você enfiou o respeito por mim e pela nossa família? Se manca! — fiquei em pé na porta. — Pode ir embora, já me ajudou, muito obrigada, agora... Rala!

— Fala direito comigo, porra.

— Tô falando do jeito que eu acho que você merece.

— Tô de coração aberto pra falar contigo, na moral e você nessa. Tu não me ama mais não? — parou na minha frente.

— Não. — falei séria, olhando nos olhos dele. — Mais alguma pergunta?

— Qual foi, Manu?! Eu errei, me arrependo e vivo com essa porra martelando na minha mente todo dia, cara.  As pessoas erram, tá ligado? E todo mundo merece uma segunda chance. Fazer diferente, mostrar que mudou.

— Cara, vou falar sério contigo, olhando nos seus olhos. — respirei fundo. — Se você tivesse realmente mudado, se seu arrependimento fosse real, você não sairia por aí desfilando com a mulher que foi a causa da sua separação, começa por aí... Fiquei meses sem falar contigo, quietinha no meu canto, bastou você saber que alguém se interessou por mim, que começou a querer voltar, voar aqui, dizer que ama, enfim... Isso é só ego ferido, Rogério. Isso é só você se negando a aceitar que perdeu, que não tem mais jeito e que a partir do momento que outra pessoa entrar na minha vida, aí mesmo que suas chances serão nulas.

— Coé, cara... — ele ia começar a falar, mas eu interrompi.

— Se esse amor que você diz sentir fosse real, você não teria se permitido viver o que viveu. Não teria me exposto do jeito que expôs, nem mesmo iria deixar seu filho no colo da mulher que você estava me traindo. Bota aí na ponta do lápis tudo o que aconteceu. E se eu tivesse feito 1/3 do que você fez, nem a chance de sair fugida do morro eu ia ter, nem aqui pra cuidar dos meus filhos eu estaria, tá? Eu já tinha virado cinzas, comida de cachorro, a madeira ia até envergar de tanto que eu ia apanhar.

— Eu nunca ia deixar ninguém te pôr a mão, po. Tá maluco.

— A lei é pra todas. E se eu ficasse de papinho gostoso com qualquer pessoa, você sabe que ia ser o primeiro a me bater. Não vem meter essa de cavaleiro fofinho não, cara. Ontem, você mesmo disse que me mataria... Ouve lá no celular da tua mãe.

— Manu...

— Não quero ouvir, não quero falar. — fui na direção do carro pra pegar minhas coisas e ele veio me seguindo.

— Eu te amo, cara. — encostou uma mão em cada lado  do meu corpo, apoiando no carro, na intenção de me prender ali. — Eu te amo, amo a nossa família e vou fazer de tudo por vocês.

— Não vai. Não adianta. — falei simples. — Eu não volto mais pra você. Deixa eu viver a minha vida em paz, só me procura pra falar dos nossos filhos.

— Tem certeza?

— Sempre tive e cada dia tenho mais.

— Tu não vai ser feliz com mais ninguém.

— Tanto faz, não fui contigo também e passei por isso, né? Não to vivona aqui na tua frente?! — arqueei a sobrancelha. — Agora sai, sai... Se não, vou ser obrigada a ir no Fidel dizer que você tá me ameaçando.

— Você viaja. — bufou e saiu, indo em direção a moto. — Vai pelo menos deixar meus filhos comigo esse final de semana? — neguei com a cabeça. — Vai me falar no que eu posso ajudar na festa?

Fingi que não era comigo, peguei as coisas no carro e entrei pra casa. Peguei o celular, liguei pra minha mãe pra ver como estavam as coisas e combinei que as crianças ficariam por lá. Mais tarde, eu mandaria subir um lanche que eles gostam e amanhã de manhã, iria pegá-los para um passeio.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora