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EVELIN

Desde que mataram o meu marido, a minha vida está uma merda. Tive que abrir mão da minha vida de luxo pra voltar a minha vida de lixo. Não reclamo muito não, a tia Vandete cuida muito bem de mim.

Ela, ao contrário da minha mãe, abriu as portas pra mim e não me pediu nada em troca. Ajudo em casa, faço comida, e ainda estou fazendo uns bicos no salão concorrente do da minha tia, quando está muito cheio, a mona me chama pra fazer umas unhas lá.

Sabe quando você não tem mais nada a perder? Então, eu não tenho mais nada. Não tenho minha família, não tenho minhas amigas e não tenho (apesar de tudo) o único homem que eu amei.

Tudo anda muito complicado na minha vida. Estou aqui deitada na cama, com o rosto todo machucado, marcas pelo pescoço, braço e peito. Agora, se me perguntarem o porquê de ter feito o que eu fiz, eu não sei qual resposta dar.

Mas quando eu vejo a Manuela, eu não sei o que acontece, eu fico cega, saio de mim. Ela tem tudo o que ela quer, quem ela quer, e leva a vida do jeito que quer, minha família prefere ela, isso é nítido. E eu sei que o que fizeram com o Tiguin foi por causa dela, sei que ela mandou matá-lo e isso me dói, porque ela sabia da minha realidade, sabia o que eu passava e poderia ter pedido pra aliviar pra ele. Manuela nunca  dependeu de homem, ela sempre foi pelo dela e eu, sempre dependi, não consigo mudar.

Edu me ligou, tava querendo me ver, mas como vou sair com essa cara? Não tem como. Por outro lado,  também fico pensando, ele é casado, não tenho sempre a oportunidade de sentar pra ele, então, acabei aceitando e foda-se vou assim mesmo.

Tomei um banho, troquei a roupa, avisei minha tia que ia sair e fui andando. Ele nunca me pega na porta, tenho que andar pra caralho pra encontrar com ele.

Passei pela casa da Manuela e tá muito bonitinha, ela e o Kid deram uma reformada e parece até casa de pista. Cheguei na esquina e o carro estava parado.

— Demorou, po. — me olhou estranho, enquanto eu entrava no carro. — Que porra é essa?

— Briguei com a Manuela.

— Brigou não né, cara? Ela te amassou. Qual foi da parada? — afastou meu cabelo do rosto, encarando meus hematomas.

— Kid tava dando em cima de mim, me querendo de qualquer jeito. Ela chegou e achou que fosse eu, não me deixou nem responder. — menti e fiz bico. Eu não sou maluca de contar pra ele que eu tinha criado toda aquela situação.

— Caô. Vou resolver esse barulho com ele amanhã, po.

— Agora? Já tá resolvido, olha pra mim. Deixa isso pra lá. — falei tentando convencê-lo de esquecer o assunto, afinal, que estava mentindo.

— Quer saber? Vou lá agora. — falou bruto e deu meia volta na praça.

Segundos depois, parou em frente à casa da Manuela. Ai droga. Fiz merda!

— Não faz isso não, Edu. Deixa pra lá.

— Deixa pra lá não, po. Olha pra você, gata. É o certo pelo certo. — saiu do carro sem que eu pudesse segurá-lo.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora