133

1.7K 127 5
                                        



Desse dia pra cá, a mina não saiu da minha, tá ligado? Arrumou meu número, começou a colar com os moleques direto, mas eu já dei o papo nela, po. O que rolou não era pra ter rolado, po. Morreu, foi...

Deitei no sofá, que agora é a minha cama e tinha mensagem dela, como sempre, uma fotinha, instigando, provocando, só que dessa vez, eu não respondi. Apaguei a conversa, desliguei o célula e dormi.

Acordei com a movimentação dos pequenos saindo pra escola. Levantei, dei um beijo em cada um e fui fazer o café deles. Pouco tempo depois, Manuela apareceu toda arrumada também.

— Vai sair?

— Vou trabalhar. – respondeu seca.

Também não disse mais nada, afinal, não tem nem porquê trocar ideia sozinho. Dei o café da manhã dos meus filhos, ajudei os dois a escovarem os dentes e voltei com os dois pra sala.

— Tchau, pai. – disse a Nanda, indo atrás da mãe dela que já estava do lado de for da sala.

— Tchau, minha princesa. Papai vai te buscar na creche hoje, tá? – ela abriu um sorrisão.

— Vai me buscar também, pai? – Nathan veio todo enrolado com a mochila e eu o parei, ajeitando-a.

— Claro, campeão. Papai vai buscar vocês dois, ué. – ele sorriu e foi atrás da Manu.

— Espero que cumpra o que está falando. – Manuela disse seca e saiu em direção ao carro.

Respirei fundo pra não dar nenhuma resposta pra ela e fiquei na minha. Agitei minhas paradas em casa e saí pra fazer a ronda nas lojinhas. Mais tarde, por volta das 15h fui buscar meus filhos na creche, cheguei no horário certo e é isso, po. Não sou nenhum moleque, sei do meu compromisso com meus filhos.

— Pai, vamo comer açaí. – Nathan falou.

— É pai, vamos sim. Vamos! Nossa Nathan, você é "brilante". – eu ri deles e parei o carro na praça.

Tem como dizer não pra esses dois?

Assim que parei, eles saíram correndo do carro e entraram na açaiteria.

— Devagar, devagar, ué. Cadê a educação? – os dois diminuíram o passo e eu fui ao balcão pedir. Pra minha surpresa, quem me atendeu foi a Jaqueline, eu nem tava ligado que ela trabalhava por aqui.

— Boa tarde. Que família bonita. – ela sorriu. – O senhor vai querer o quê?

—Valeu, po. – fiquei sério. – Quero dois açais de 300ml batido com morango, sem complemento, por favor.

— E pra você... – mordeu o lábio. – Nada?

— Nada. – neguei com a cabeça. – Nada.

— Oi tia. – Nathan falou se aproximando.

— Tia quem? – Nanda falou e eu segurei o riso.

— Vem, vamos sentar lá na mesa. Vamos.

Eles foram na minha frente e escolheram a última mesa da loja, ficaram brincando com os guardanapos que estavam lá, enquanto eu pensava no quanto a Fernanda puxou a Manuela. "Tia quem?", vê se pode isso, po.

Fizeram aquela bagunça de sempre, mas se deliciaram com seus açaís. Meus filhos são tudo pra mim, não dá não. Faço vontade mermo, mimo, dou tudo o que eles pedem, sem neurose... é Deus no céu e eles dois na terra.

Saímos de lá e meu telefone logo vibrou, eu já tava ligado quem era, mas deixei passar batido. Não quero bololô, vou dar fim nesse bagulho. Última forma! Quero viver bem com a minha família, quero ser o homem que a minha preta merece. Errei mermo no bagulho, mas espero que ela não descubra.

Chegamos em casa e ela já estava, ainda tinha um pouco de maquiagem no rosto, então, fiquei ligado que hoje foi dia de foto e que logo menos, eu ia ter que fingir tranquilidade quando ela começasse a rodar nesses bagulho de Instagram.

— Eba! Minha mãe... — Nathan falou quando a viu na sala.

— Nossa mãe, né Nathan?! — passou por ele no caminho e a abraçou.

— Isso, mãe dos dois. — ela disse sorridente, abaixando pra abraçar os dois. — Hm, to sentindo cheio de açaí, esses uniformes sujos...

— É mãe... — Nanda começou a falar. — Tava muito bom.

— Meu pai levou a gente naquela tia. — Nathan falou e ela levantou o olhar, passando a olhar pra mim.

— Tia quem, Nathan? — Nanda perguntou. — Eu não lembro dela. — falou inocente.

— Tia do colo, ué. — falou simples e saiu de perto delas.

Manuela nada falou comigo, botou o Nathan pro banho, depois a Fernanda e ficou com os dois lá pro quarto. Não tivemos contato.

Marquei um 10 por lá, pra ela não dizer que eu não faço questão, que eu não me importo, enfim... E fui onde eles estavam, mas antes que eu entrasse no nosso quarto, dei de cara com ela no corredor.

— Quer comer alguma parada diferente hoje? — falei com ela.

— Não. Só quero que você saia das minhas vistas. E também quero avisar que vou com eles pra Coroa... — fez uma pausa. — Preciso ficar longe de você.

— Qual foi, Manuela?! — me exaltei.

— Fala baixo, seus filhos não precisam saber que estamos conversando aqui. Já disse que não quero que eles vejam nossas brigas.

— Mas assim fica difícil, porra! — ainda estava exaltado, mas falava mais baixo. — Tu não me ajuda a te entender, po. Não sei mais o que fazer pra melhorar nosso casamento.

— Some da minha frente! Só isso.

Engoli a seco todas as palavras que ela tinha dito e a deixei passar. Ela seguiu pra cozinha e eu fui pro quarto, ficar mais um pouco com meus bagunceiros preferidos.

Estávamos distraídos brincando no chão do quarto, quando do nada, escuto um barulho alto no chão da sala e em seguida, Manuela xingando.

— PORRA!

Ela não é de xingar quando eles estão em casa, por perto, enfim... E como não estão acostumados com isso, nem se mexeram, não se assustaram, não ficaram curiosos, então, deixei os dois brincando e fui na direção dela.

Ao chegar na sala, vejo meu celular partido em três. Ela estava sentada no sofá, com o rosto vermelho, as lágrimas escorriam pelo seu rosto e eu me aproximei.

— Qual foi?

— SOME! — ela gritou. — NÃO QUERO ESCUTAR A SUA VOZ. NÃO QUERO TE VER! NÃO QUERO VER SEU VULTO! SOME DAQUI!

Inutilmente, tentei segurar seu rosto e ela me empurrou. Levantou como uma flash e abriu a porta da sala.

— Some daqui! — tentava se acalmar. — Pega essa porra desse lixo e some. Não apareça na minha frente. ANDA LOGO!

Eu não consegui dizer mais nenhum "a", eu sabia que o podia ter acontecido, eu sabia do meu erro. A minha fortaleza acabou de ruir.

Peguei os pedaços do celular que estavam no chão e saí pela porta. Não tive coragem de olhar em seu rosto. Ela nem esperou que eu passasse por inteiro na porta e já fechou. Ou melhor, bateu a porta.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora