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MANUELA

Que final de semana maravilhoso, meu Deus. Eu nem acredito que isso tudo tá acontecendo, a vida tá tão boa, sabe? Só agradecer a Deus e viver,  sem contar pros outros.

A piranha da minha bf nem falou nada do baile, tá sumidinha. Vou mandar uma mensagem pra ela, marcar de tomar uma cervejinha hoje. Segunda pode, né?

📩 Piranha Mór 🐟 📩

Garota, vamos beber hoje?

[5 minutos depois]

Vamos, linda. Preciso conversar mesmo.

Nem parece, não me mandou uma mensagem se quer, querida. Eu hein.

Muita coisa acontecendo, cara. To doida!

📩 FIM DA CONVERSA 📩

Dia tranquilo, loja com um movimento maneiro, fechei, peguei as coisas e pedi um uber. Muito cansada pra esperar ônibus.

Cheguei no meu beco, paguei o rapaz e subi pra casa, abri e nada de mainha. Ô velha rueira, cara.

Viajar é bom, mas voltar pra nossa casa é muito melhor. Deixei a mala na cama, peguei uma muda de roupa, calcinha e fui pro banho. Ao sair, passei bastante creme né? Marquinha tava linda, mas tenho que cuidar, porque odeio ficar que nem cobra trocando de pele.

Mandei mensagem pra Rafaela avisando que eu já estava saindo, ela disse que também estava e guiei.

Passei pela praça sem olhar pros lados, esse lugar tá sempre cheio, acho que essa gente aqui da favela não faz nada da vida, né?! Eu hein! Falei de tchau com dois meninos que conheço de infância e Rogério do lado. Tu falou com ele? Ah tá, eu não.

Já cheguei no barzinho pedindo minhas coisas, e logo a minha piranha chegou, me deu um abraço apertado, sentou e já veio com as fofocas do final de semana.

— Mas e aí, ele mandou mensagem? Estão se falando?

— Ele saiu da casa que morava com ela, me levou pra dormir na casa dele essa noite e tudo. Tá ajeitando ainda, mas pelo menos... - bebeu a cerveja.

— E você não tá com medo não?

— Amiga, tô. Mas você sabe como eu sou com isso, eu amo o Renan.

— É, eu sei. Muito coração de pão doce você. Não dá pra mim não.

— Amiga, você já percebeu que nunca curou a falta do Marretinha? Acho que é por isso que você não consegue ser feliz com mais ninguém, vive nessa aí.

— Será? Acho que tem nada a ver. - dei de ombros e tomei um gole da minha cerveja.

O Marretinha... Ai. O nome dele era Wallace Ricardo, conheci na escola e foi meu primeiro namorado, eu deveria ter uns 14 anos e ele uns 16, por aí. Fiquei com ele até os 17, entre idas e vindas, aquela coisa bem imatura, mas um sentimento lindo. Ele não era envolvido, e a gente namorava em casa, meu pai gostava demais dele. Até que um dia, nós brigamos feio e eu disse que não queria mais vê-lo, brigamos por ciúmes, vale ressaltar. Ele saiu da minha casa pra ir pra dele, que era do outro lado da favela.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora