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Nosso dia foi resumido nisso, comendo, passando mal, vendo as notícias e esperando que os meninos aparecerem.

Umas 16h, ouvi gritos na rua, abri a porta e saí. Tinham vários policias na minha porta, um deles meteu a mão no portão e abriu.

— Opa. Tá indo aonde o senhor?

— Vamos revistar a sua casa, porque temos denúncias de que está escondendo um procurado. — avançou.

— Eu quero ver o mandato. Tem? — ele continuou a entrar no meu quintal e uma outros vieram atrás dele. — VOCÊS NÃO TEM DIREITO DE ENTRAR AQUI. - parecia que eu estava falando sozinha.

Minha mãe chegou, meu padrasto e mais um pessoal, eles não deixaram eles passarem e eu gritava, conforme eles avançavam mais. Rafaela estava desesperada, e eu em pé na porta, segurando a passagem.

— Se a senhora não sair, vou ter que partir pra agressão.

— Vocês não podem. Não tem mandato, não tem nada. NÃO PODEM!

Rafaela começou a passar mal de verdade no sofá, a bolsa dela estourou e eu fiquei sem saber o que fazer. Ajudo a minha irmã e saio da porta da minha casa?

— Irmã, nem pensa em deixar eles entrarem. Eu aguento.

— As senhoras querem ser presas como cúmplices?

— Não tem ninguém aqui. E vocês só poderiam entrar, se tivessem um mandato. E não tem! — muitas pessoas gravando eles invadirem a minha casa.

— Duque. Pegaram o cara! — um deles gritou lá de fora.

O que estava próximo de mim na porta, virou a mesinha da varanda de vidro no chão. Fiquei sem reação olhando pra situação, ele debochou e saíram. Saí logo atrás, vi o adesivo do carro, aquele que mostra em qual batalhão eles são lotados.

Voltei correndo pra dentro e minha mãe já estava em casa com o Jordão, peguei a Rafaela, botei no carro, passei na casa dela, peguei as coisas dela e do bebê e fomos pro hospital.

Acompanhei todo o parto do neném, chorei do começo ao fim, foi a coisa mais linda que eu já vi nesse mundo todinho, foi normal e eu perdi todo o medo que tinha de tão tranquilo que foi. Depois que eles já estavam no quarto, dormindo, liguei pra minha mãe.

📲 RAINHA 👑 📲

Mãe?

Oi, meu bebê. Como estão as coisas aí?

Ah, tá tudo bem. Perfeito, grande, gordinho, mamou direitinho e agora estão os dois dormindo. E aí?

Ah, que bom. Precisa de alguma coisa? O Jordão leva pra você. Comeu? Levou dinheiro?

Eu tô bem, mãe. Sempre ando com calcinha na bolsa, né? Já até tomei banho, o quarto aqui é ótimo. Notícias do Rogério?

Filha, não sei nem do Renan e nem do Rogério. Um menino veio aqui na sua casa, falar que pegaram o Robinho mesmo, e que o Renan e o Rogério não estão com ele.

Ah, menos mal ou não? Só consigo pensar no pior.

Não pense. Deus tá cuidando! Vai dormir um pouquinho, descansa aí.

Vou tentar, tá? Te amo.

Eu também. Tô cuidando de tudo direitinho aqui pra você.

📲 FIM DA LIGAÇÃO 📲

Sentei na cadeira reclinável e cochilei, acordei com o chorinho gostoso do meu neném e a Rafa o amamentando.

— Irmã?

— Oi, mana. — respondi.

— Será que ele vai crescer sem pai? — começou a chorar.

— Mas é claro que não, não pensa nisso.

— Eu tô com muito medo. Aquele policial ontem, encarando você.

— Irmã, esquece isso. Deus cuida dos Seus e nós somos abençoadas. Já passamos por muita coisa, né? — sentei com ela na cama e ela me deu o Luiz Arthur no colo e pus pra arrotar.

Fiquei com ele na cadeira reclinável, até que dormiu, botei no bercinho ao lado da Rafa e dormi também. Acordei com a enfermeira vendo vê-los.

— Eu preciso do documento das mães, pra levar pro registro. — eu não consegui conter o riso, mas achei a postura dela linda.

— Eu sou a madrinha... — falei sorrindo, levantei, fui até a bolsa e peguei os documentos.

Rafaela sempre foi prevenida, então ela andava com a identidade original do Renan na bolsa dela, acredita? Uma mulher prevenida vale por duas.

DONA DE MIM 💋 Onde histórias criam vida. Descubra agora